PF manterá policiais que investigam interferências na elucidação do caso Marielle

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Apesar da troca no comando na direção-geral, com a entrada do governo de Jair Bolsonaro, a Polícia Federal revelou que não vai mexer no grupo de policiais que está no Rio para investigar policiais suspeitos de supostamente estarem interferindo no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. O delegado federal Claudio Ferreira Gomes, que assumiu na última sexta-feira o comando da Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da PF, vai manter os mesmos federais designados na gestão passada para apurar a suposta atuação de agentes públicos, milicianos e criminosos para atrapalhar o esclarecimento dos assassinatos da parlamentar e do motorista.

A decisão da PF de manter a mesma equipe, vai na mesma direção da nova cúpula da polícia fluminense: ao tomar posse, o novo secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius de Almeida Braga, também disse que manteria o grupo da Divisão de Homicídios (DH) que desde o crime trabalha no caso. Marielle e Anderson foram mortos no dia 14 de março de 2018. Até agora, os responsáveis não foram punidos.

Nesta terça-feira, data que marca 300 dias do crime, a direção regional do PSOL organiza um ato no Rio. Militantes estão sendo convocados para um protesto marcado para às 18h no Buraco do Lume, na esquina da Rua São José com a Avenida Rio Branco, no Centro do Rio. Na ocasião, Monica Benicio, viúva de Marielle, irá assinar sua filiação no partido: ” Os tempos nos exigem coragem e é hora de tomar partido”, diz um trecho do texto que está sendo divulgado pelo partido.

Em novembro do ano passado, a PF instaurou inquérito para investigar a suspeita de interferências no esclarecimento do crime. O pedido foi feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a quem a PF era subordinada. Também foi determinado que a PF desse proteção a duas pessoas que prestaram depoimentos sobre o caso. Uma delas é o miliciano Orlando de Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, preso na Penintenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Curicica foi citado por uma testemunha revelada pela reportagem, como um dos interessados na morte da parlamentar do PSOL, mas procurou o MPF para apontar possíveis autores e denunciar ter sido pressionado por policiais civis para confessar o crime.

Segundo a testemunha revelada pela reportagem, o assassinato foi motivado pela expansão das ações comunitárias da parlamentar do PSOL na Zona Oeste e sua crescente influência em áreas de interesse da milícia, mas que ainda seriam controladas pelo tráfico.

Cláudio Ferreira vai manter um delegado presidindo o inquérito e toda a equipe de policiais federais, a mesma que já vinha trabalhando no caso. Pelas informações repassadas pelo grupo de investigadores ao novo comando da PF, o trabalho tem avançado.

Estão sendo investigados os delitos de organização criminosa, coação no curso do processo, fraude processual, favorecimento pessoal, patrocínio infiel, exploração de prestígio, falsidade ideológica, além de outras falsidades e fraude e corrupção.

O novo chefe da inteligência da PF, considerado um posto chave na difusão de informações confidencias da Polícia Federal, é natural de Ribeirão Preto, em São Paulo. É graduado em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UniDF) e em Educação Física pela Universidade de Brasília (UNB). Ingressou no DPF no cargo de delegado de Polícia Federal em 1996, com primeira lotação na Superintendência de Polícia Federal no Distrito Federal.

No DPF, chefiou ainda a Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Fazendários da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal; o Serviço de Assuntos Internos da Corregedoria-Geral do DPF; o Setor de Estudos e Legislação da Divisão de Correições da Corregedoria-Geral do Departamento de Polícia Federal.

Também comandou a Divisão de Correições Judiciária da Coordenação-Geral de Correições e Chefe substituto do Coordenador-Geral de Correições da Corregedoria-Geral do DPF; chefiou Interinamente a Coordenação Geral de Correições; foi assistente de Segurança Institucional da Academia Nacional de Polícia-ANP; chefiou o Serviço de Armamento e Tiro da Divisão de Desenvolvimento Humano da Coordenação de Ensino da Academia Nacional de Polícia. Comandou ainda, o Serviço Nacional de Armas da Divisão de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas da Diretoria de Combate ao Crime Organizado do Departamento de Polícia Federal.

Do O Globo