Ala militar do governo acha que Bolsonaro não deve entrar na onda dos EUA

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A ala militar do governo Jair Bolsonaro está preocupada com os conflitos na fronteira entre Brasil e Venezuela. A avaliação é que o governo brasileiro precisa manter a pressão por uma troca de poder no país vizinho, seguir criticando Nicolás Maduro, mas não pode entrar na onda dos Estados Unidos e se lançar num conflito com violência contra militares venezuelanos.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro decidiu participar da ajuda humanitária para Venezuela, os militares se posicionaram com cautela em relação à operação. Primeiro, porque o Brasil poderia ser visto como um instrumento do presidente Donald Trump para gerar eventos extremos na fronteira que viessem a justificar ações mais energéticas contra a Venezuela.

Segundo, porque o governo brasileiro teria mais a perder do que os Estados Unidos no caso de conflitos violentos, com feridos e até mortos. Afinal, quem faz a fronteira com a Venezuela é o Brasil. E Roraima depende da energia venezuelana e muitos brasileiros vivem no país vizinho. Ou seja, seria ruim politica e economicamente para o Brasil.

Por isso, desde o início, depois de Bolsonaro autorizar a participação na operação de ajuda humanitária, os militares defenderam que brasileiros não poderiam entrar na Venezuela levando os alimentos e medicamentos. E que os caminhões deveriam ser venezuelanos, entrar no Brasil, buscar a ajuda e voltar para a Venezuela desde que com autorização das autoridades locais.

Nesta segunda-feira (25), na Colômbia, na reunião do Grupo de Lima, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vão defender o aumento da pressão internacional, tanto politica como econômica, para deposição de Nicolás Maduro do poder. Mas vão se posicionar contra qualquer tipo de intervenção militar.

Os dois embarcaram neste domingo (24) para Bogotá, a fim de participar do encontro do Grupo de Lima, que terá a participação do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. Os países do Grupo de Lima, à exceção do México, reconheceram Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Ele também estará na reunião.

Os países que defendem a saída de Maduro estão preocupados com a questão institucional venezuelana, porque já se completaram trinta dias desde que Guaidó se proclamou presidente interino. Neste prazo, ele deveria convocar eleições presidenciais para escolha de um novo comandante para seu país, mas o cenário atual é de dois presidentes: Maduro e Guaidó.

A avaliação do governo brasileiro é que a decisão de Maduro de impedir a entrada de ajuda humanitária no país aumenta a pressão interna da população por sua saída do poder. E que o início de perda de apoio até entre militares, com alguns desertando nos últimos dias, vai definir o futuro de Nicolás Maduro. Segundo militares brasileiros, Maduro vai cair, a dúvida é sobre quando.

Do G1