Ministro do Turismo desvincula seu caso do de Bebianno

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Diante da crise no primeiro escalão da gestão Jair Bolsonaro, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse neste sábado (16) não ver nenhuma relação entre a sua situação no governo e a possível demissão do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.

Ambos se tornaram alvo de suspeita após a revelação pela Folha de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018.

“Não vejo relação de uma coisa com a outra. A questão do Bebianno está sendo resolvida, quem decide é o presidente da República, e a minha questão é completamente separada. O presidente é quem vai decidir”, afirmou ele durante visita a Brumadinho (MG).

Álvaro Antônio declarou ainda que participou de uma reunião com o presidente e o conselho de ministros na sexta (15) e que está “tudo tranquilo entre eles”. Ele não entrou em detalhes sobre o que foi tratado.

Como revelou a Folha em 4 de fevereiro, Álvaro Antônio patrocinou um esquema de candidaturas de fachada em Minas, que também receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do PSL nacional e que tiveram votações pífias. Parte do gasto que elas declararam foram para empresas com ligação com o gabinete de Álvaro Antônio na Câmara.

Na quarta-feira (13), a Procuradoria-Regional de Minas Gerais anunciou que vai investigar o caso. O pedido foi feito em um despacho do chefe do Ministério Público Eleitoral do estado, Angelo Giardini de Oliveira, que cita a reportagem da Folha.

No documento, ele afirma que “os fatos narrados podem configurar, em tese, os crimes de apropriação indébita eleitoral, falsidade ideológica eleitoral (…) e ameaça”. A pena prevista pode chegar a seis anos de reclusão.

A Promotoria de Minas Gerais também investiga o caso e irá ouvir as quatro candidatas apontadas de terem sido usadas no esquema. Juntas, as mulheres, que figuram entre os 20 candidatos do PSL que mais receberam dinheiro público, fizeram pouco mais de 2.000 votos. O desempenho seria um indicativo de candidatura de fachada.

O repasse do dinheiro foi formalizado pelo então presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, atual ministro da Secretaria Geral da Presidência. Bebianno vem dizendo que deve deixar o governo. Álvaro Antônio disse não saber se a saída do correligionário teria ligação com o PSL e que prefere aguardar a decisão de Bolsonaro na segunda-feira.

“Sobre as denúncias, eu estou muito tranquilo. Eu tenho convicção e certeza que o PSL em Minas Gerais agiu cem por cento dentro da legislação eleitoral na distribuição do fundo partidário feminino. Nisso aí, eu não tenho nenhum problema, estou muito tranquilo”, disse Álvaro Antônio.

O ministro foi exonerado no dia 6 de fevereiro, em um ato assinado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. O ato, porém, teria sido apenas formalidade para que ele tomasse posse como deputado federal. Álvaro Antônio foi reeleito em 2018 com a maior votação do estado, com 230.008 votos.

A agenda em Brumadinho, incluindo reunião com o prefeito Avimar de Melo e com o Tenente Coronel da Defesa Civil Flávio Godinho, serviu para anunciar medidas da pasta para a região.

Brumadinho foi atingida pelo rompimento da barragem 1 do Córrego do Feijão, no dia 25 de janeiro, deixando pelo menos 166 mortos e 144 desaparecidos.

Da FSP