Neto do último presidente da ditadura entra na lista de foragidos da Interpol

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O juiz federal substituto Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, autorizou a inclusão do empresário Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho na lista de difusão vermelha da Interpol. Figueiredo, que está nos Estados Unidos, é neto do ex-presidente João Baptista de Figueiredo, o último presidente da ditadura militar.

O empresário foi um dos alvos da Operação Circus Maximus, deflagrada na na terça-feira, que investiga o suposto desvio de dinheiros de fundos de pensão para financiar projetos de rentabilidade duvidosa. Um dos projetos financiados com recursos obtidos de forma supostamente ilegal pelo grupo de empresários e ex-diretores do Banco Regional de Brasília (BRB) estaria o LHS Lifestyle, o ex-Trump Hotel, no Rio de Janeiro.

“Defiro a divulgação internacional da ordem de captura de Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, incluindo-se o mandado de prisão preventiva na difusão vermelha da Interpol. Oficie-se à Superintendência da Polícia Federal para as providências acerca do pedido de inclusão junto ao escritório da Interpol”, determinou o juiz, aceitando um pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF).

Na decisão em que decretou a prisão preventiva de Figueiredo, o juiz Vallisney de Souza Oliveira afirmou que um dos papéis do empresário nas supostas fraudes era autorizar o pagamento de propina. Segundo Vallisney, mesmo que um dos delatores tenha tentado minimizar a participação de Figueiredo no esquema, não há dúvidas de que ele tenha tido função central nas irregularidades.

“Conquanto o colaborador Ricardo Siqueira Rodrigues tenha amenizado bastante a participação de Paulo Renato, há fortes indícios de sua participação nos delitos de corrupção e contra o sistema financeiro, desde o início do empreendimento LSH; embora não se envolvesse nas negociações, cabia-lhe autorizar os pagamentos da propina, na qualidade de diretor presidente (CEO) do LSH Barra RJ e do pagamento de notas fiscais fraudulentas para emissão de dinheiro a Diogo Cuoco e Felipe Calil”, afirma o juiz.

As investigações tiveram início com as delações premiadas do operador Lúcio Bolonha Funaro e do empresário Ricardo Siqueira Rodrigues. Empresários investigados teriam pago mais de R$ 16 milhões em suborno para ex-dirigentes do BRB de Brasília, durante a gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg.

Na mesma decisão, Ricardo Leite decretou a prisão preventiva de Adonis Assumpção Pereira Júnior, diretor afastado do BRB. O juiz destacou que foram encontrados R$ 200 mil em sua casa. Vallisney havia decretado a prisão temporária — que tem duração de cinco dias — de Adonis.

O advogado Fernando Fernandes, que representa Diogo Cuoco, afirmou que a Justiça prevalece com a decisão de soltura de seu cliente, dada pelo desembargador Ney Bello. Segundo ele, Cuoco nega qualquer irregularidade, prestou longo depoimento às autoridades e provará sua inocência.

De O Globo