No RJ, Policiais Civis fazem treinamento para atender população LGBTQ com respeito

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A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) da Polícia Civil fez um treinamento na tarde desta terça-feira para atendimento à população LGBTQ.

Segundo o delegado Gilbert Stivanello, titular da delegacia, um dos principais obstáculos sentidos pela equipe de 12 policiais que atua na unidade é a questão de vocabulário dentro da população LGBTQ.

“Nós temos uma série de nomenclaturas empregadas com as quais o policial não está familiarizado. Essa palestra tem como enfoque atualizar os policiais, e também trazer um feeling mais aprofundado sobre as demandas desse público alvo”, explicou Stivanello.

A delegacia foi inaugurada no dia 13 de dezembro de 2018, ainda no período de Intervenção na área de Segurança.

Segundo ele, há uma heterogeneidade no atendimento das delegacias distritais no Rio: há policiais que atendem bem e outros que atendem mal. É importante lembrar, diz Stivanello, que os crimes de homofobia ou qualquer outro contra a população LGBTQ podem ser registradas em qualquer delegacia.

“Os policiais que vem pra cá já tem essa consciência. Nós pensamos até na elaboração de qualificação em conjunto com a Acadepol para mudar essa visão nas distritais. A Decradi não tem atribuição privativa, qualquer delegacia pode apurar este tipo de crime [contra a população LGBTQ]”, explicou o delegado.

Mais de cinco mil casos de violência em 7 anos

Durante a palestra, o superintendente de políticas públicas LGBT e do programa Amizade Rio LGBT, Ernane Pereira, relatou casos envolvendo o público LGBT em diversos ambientes, como em hospitais na Baixada Fluminense.

“A prótese rompeu, e chegando no hospital, não colocaram o nome social e uma mulher trans adentrou o hospital com nome masculino, e colocaram ela na enfermaria masculina”, relatou Ernane. Ele acrescentou que, após um trabalho de “sensibilização”, a mudança de enfermaria foi feita e a mulher trans pôde ser atendida na enfermaria feminina.

No atendimento policial, segundo ele, a reclamação mais frequente diz respeito à abordagem do público LGBT.

“ É o ‘como lidar’. É a revista diferente, é o cuidado de usar o artigo correto. Se for feito com uma mulher cisgênero [pessoa que se identifica com o gênero que nasceu], o policial vai ter todo o cuidado de pedir: ‘senhora, abre a sua bolsa, por favor?’. Com a travesti, sabe o que vai acontecer? Vai colocar todos os pertences dela em cima de uma viatura policial”, explicou Ernane.

Rio Amizade LGBT é o novo nome do Programa Rio Sem Homofobia, alterado em 2019. Segundo dados do programa, em 2018 foram feitos 231 atendimentos envolvendo violência LGBTfóbica. Entre 2010 e 2017, o número ultrapassou 5 mil casos.

Do G1