Operador do PSDB, Paulo Preto é condenado a 27 anos de prisão

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Apontado como operador do PSDB de São Paulo, o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza , conhecido como Paulo Preto , foi condenado nesta quinta-feira pela juíza Maria Isabel do Prado, da Justiça Federal de São Paulo, a uma pena de 27 anos e oito dias de prisão . Dessa pena, sete anos devem ser cumpridos em regime fechado. Essa foi a primeira condenação conseguida pela força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo.

Neste processo, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Souza e outras 32 pessoas pela formação de um cartel de empreiteiras para a construção do trecho sul do Rodoanel, obra que conecta as principais rodovias da reigão metropolitana de São Paulo. O processo foi desmembrado e apenas o ex-diretor da Dersa foi condenado nesta quinta-feira.

Além desse processo, Paulo Vieira também responde a outra ação na 5ª Vara Federal sobre irregularidades no reassentamento de moradores afetados pelas obras que comandou enquanto estava na Dersa, estatal paulista responsável pela execução de obras viárias.

Esse processo, também já em fase final, não pode ter sentença em razão de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que ordenou que novos depoimentos fossem tomados. A juíza Maria Isabel do Prado enviou esclarecimentos ao ministro afirmando que as novas diligências cobradas já foram realizadas anteriormente.

Paulo Vieira, também conhecido como Paulo Preto, completa 70 anos no próximo dia 7 de março. Com isso, a prescrição de seus crimes cairá pela metade. Como os crimes apontados teriam ocorrido em 2009, o suposto operador poderia se livrar da condenação. Essa situação motivou a prioridade dada a seu processo nos últimos meses.

O ex-diretor da Dersa está preso desde a última terça-feira pela Lava-Jato de Curitiba, quando foi preso em relação a depósitos feitos em uma conta que mantinha na Suíça.

De acordo com a acusação, as 15 construtoras que atuaram na obra teriam feito um conluio com o então diretor da estatal paulista Dersa para a divisão das principais obras do estado nos dez anos seguintes.

A acusação foi formulada a partir da delação de executivos da Odebrecht. O Ministério Público Federal apresentou na sua denúncia duas planilhas que seriam feitas pela Odebrecht, uma de título “amor” e outra de título “briga”. A primeira, serviria para o cenário em que as empresas se ajustassem para a divisão das obras. A segunda, “briga” era uma referência à possibilidade de uma disputa competitiva de preços.

Se fosse levada em consideração a planilha do “amor”, o preço subiria e ficaria entre R$ 496 e R$ 567 milhões, uma vez que o cartel desse certo. Já se houvess “briga”, as propostas oscilariam entre R$ 410 e R$ 518 milhões, o que seria o efeito da concorrência.

A sentença da juíza Maria Isabel do Prado ocorreu um dia após o interrogatório de Paulo Vieira de Souza. Ouvido pela magistrada, o ex-diretor da Dersa negou que participou da formação de um cartel com as empreiteiras, mas afirmou que a prática fazia parte da natureza das empreiteiras.

— Eu acho o cartel uma coisa que é do DNA das empresas. Quando interessa, eles se agrupam. Quando tem pouca coisa, eles brigam. Quando tem muita obra, eles se juntam. Eles dividem uma obra no Acre por uma obra em Minas. A não ser túnel: dificilmente vai ver um túnel sem as cinco irmãs. Eu não vejo empresa precisando se aliar a nenhum gestor público. Eles têm todos esse projetos de obras, já pegaram o projeto muito antes e às vezes sugerem até uma alternativa melhor pro governador, pro prefeito. Eles estão 10 anos na frente — disse.

De O Globo