Por quantos médicos negros você já foi atendido na sua vida?

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Um médico postou a reação de uma paciente idosa que, pela primeira vez, havia sido consultada por um negro em toda a sua vida. Dr. Fred William Nicácio, de 31 anos, que fez o atendimento em um hospital municipal de Conceição de Macabu, no Norte Fluminense, decidiu falar desse encontro nas redes sociais para provocar uma reflexão sobre o número de médicos negros no Brasil.

“Essa é a Dona Eunice, e no auge dos seus 74 anos, foi a primeira vez que foi consultada por um médico negro. Obrigado por me dar essa honra, Dona Eunice”, disse ele na postagem.⠀⠀⠀

Dr. Fred conta que ela entrou no consultório com o neto de 9 anos. E que ficou olhando com admiração.

“Ela ficou com aquela carinha de admirada, de quem está vendo uma coisa muita especial, que o olhinho chegava a brilhar. Estava com um sorriso contido e aí eu percebi essa face dela de contentamento, e eu falei assim: ‘tudo bem com a senhora?’. E ela disse que sim, mas que queria tirar uma foto comigo. Eu disse: ‘claro, mas por que?’. Foi quando ela revelou que era a primeira vez que estava sendo atendida por um médico negro. Aí ela me ganhou, me desmanchou, e deu nisso daí”, disse Dr. Fred.

Até a manhã desta sexta-feira (14), o relato já tinha mais de 22 mil curtidas e 10 mil compartilhamentos. A história, inclusive, foi contada no programa Encontro com Fátima Bernardes.

A consulta aconteceu no mês de agosto. Ao G1 o médico disse que o preconceito existe e espera que a postagem ajude a mudar a visão das pessoas.

“Isso me motivou a postar para fazer esse questionamento: por quantos médicos negros você já foi atendido na sua vida? Será que você vai ter que esperar 74 anos igual a Dona Eunice para poder ser atendido? “, questiona Fred William.

A idosa levou o neto de 9 anos para ser atendido, o que foi motivo de alegria para Fred William, que é natural de Campos do Goytacazes e aluno bolsista sócio-social do 6º ano de medicina na Unig, no Campus 5.

“O mais incrível dessa história é que o neto dela não precisou esperar 74 anos para ser atendido por um médico negro”, afirmou o estudante na rede social.

Dr. Fred afirmou que, como médico, tem um importante papel na luta contra o preconceito racial, principalmente após a exposição da história na internet.

“Eu assumo que eu tenho esse papel e agora ainda mais com essa exposição. Tenho uma responsabilidade com essas questões e chega a me emocionar saber que eu sou voz, uma voz para milhões de pessoas. Então, isso precisa mudar. Eu quero ser agente dessa mudança e, se Deus quiser, serei”, afirmou Fred.

Do G1