Truculência de Onyx na articulação afasta partidos de centro

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Com obstinação e método, líderes de partidos do chamado centrão levam o ministro Onyx Lorenzoni à frigideira. Alegam que falta ao chefe da Casa Civil da Presidência duas características vitais para um coordenador político: capacidade de ouvir e respeito ao contraditório. Celebram a disposição de Rodrigo Maia de ocupar o vácuo, desdobrando-se nos papeis de presidente da Câmara e articulador do Planalto. Mas avaliam que cabe a Jair Bolsonaro distensionar o ambiente.

Com quase três décadas de vivência parlamentar, Bolsonaro conhece o modo de agir do centrão. O grupo não faz oposição. Ao contrário, revela-se sempre disposto a apoiar o governo —qualquer governo. No momento, o grosso do conglomerado partidário declara-se favorável às reformas liberais do capitão. Mas seus operadores esclarecem que o centrão não tem pressa, tem demandas.

Os pedidos do grupo incluem, como de hábito, cargos e verbas. Alega-se que Onyx já foi informado. Entretanto, nas palavras de um dos líderes do centrão, o ministro “demora a agir”. Comporta-se como se lançasse um “olho gordo” sobre espaços que os partidos conquistaram na máquina estatal em gestões passadas. Na prática, Onyx “está sendo frito em sua própria gordura”.

Os profissionais do centrão não ignoram que a ” empáfia” de Onyx tem dono. Por isso, não pedem a cabeça do ministro, reivindicam a atenção do chefe dele. O grupo espera que, após receber alta hospitalar, Bolsonaro dedique atenção à saúde da articulação política do Planalto, que, aos olhos do centrão, adoeceu com a garoa fina do primeiro mês de governo, antes da chegada das chuvas de março.

Esse jogo tem nome: toma-lá-dá-cá. A despeito da retórica encrespada, Bolsonaro terá de entrar em campo. Resta saber se o capitão conseguirá esclarecer aos seus eleitores o que os partidos desejam tomar e, sobretudo, o que seu governo se dispõe a dar.

Do Blog do Josias