Confissões de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, não convencem investigadores

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Autoridades envolvidas na investigação sobre a movimentação bancária suspeita de Fabrício Queiroz consideraram “inconsistentes” as alegações apresentadas pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro.

Avalia-se que será inevitável ouvir o filho mais velho de Jair Bolsonaro, hoje acomodado numa poltrona de senador. A principal suspeita é a de que Queiroz tenha atuado como laranja de Flávio no desvio de parte dos contracheques dos funcionários do antigo gabinete dele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Queiroz foi pilhado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com uma movimentação bancária incompatível com sua renda —R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Numa petição de nove folhas, sua defesa alegou que Queiroz gerenciava salários de outros assessores de Flávio Bolsonaro.

Com a verba subtraída dos vencimentos alheios, Queiroz diz ter custeado a contratação de “colaboradores informais” para atuar na base eleitoral do chefe. Teria feito tudo isso sem que Flávio, o dono do mandato, soubesse.

A versão de Queiroz soou como confissão inevitável e inverossímil de uma ilegalidade. A admissão de culpa foi inevitável porque a investigação já havia mapeado os depósitos feitos na conta de Queiroz. Ocorriam sempre nos dias de pagamento dos salários da Assembleia Legislativa ou em datas contíguas.

Contudo, pareceu pouco crível aos investigadores que Queiroz tenha sido um executor solitário da engenharia financeira montada sob Flávio Bolsonaro. Policial Militar aposentado, Queiroz servia no gabinete do primogênito do presidente da República como motorista e segurança.

Considera-se improvável que tivesse autonomia para gerenciar a folha do gabinete e dispor de nacos dos vencimento
dos demais assessores. Daí a suspeita de que o personagem tenha atuado, em verdade, como um laranja. A desconfiança é potencializada pelas relações de amizade que Queiroz mantém com a família Bolsonaro.

A suspeita é corroborada pelo fato de que o grosso da movimentação bancária de Queiroz se deu em dinheiro vivo. De resto, Queiroz não exibiu documentos capazes de atestar a veracidade da engrenagem supostamente montada por ele para “multiplicar o número de assessores [de Flávio Bolsonaro] a partir do gerenciamento financeiro dos valores que cada um desses assessores recebia mensalmente”. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não quis se manifestar sobre a defesa apresentada por seu ex-assessor ao Ministério Público.

Do UOL