Documento aponta que acusados de matar Marielle combinaram detalhes de depoimento à polícia

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O sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz teriam combinado detalhes de depoimentos prestados à polícia por Élcio e pelo policial Pedro Bazzanella no começo de fevereiro.

A informação consta no documento que embasou a prisão preventiva dos dois, decretada nesta quinta-feira pela Justiça. Ronnie e Élcio são acusados de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

O documento informa que Ronnie, Élcio e Bazzanella se encontraram no último dia 1º de fevereiro no restaurante Resenha, na Barra – onde ficaram por cerca de 1 hora. Logo depois, Élcio e o policial prestaram depoimentos sobre o caso Marielle à Divisão de Homicídios, confirmaram que tinham se visto, mas omitiram a presença de Ronnie no encontro.
De acordo com o relatório, após o depoimento, Bazzanella teria voltado ao Resenha e passado mais 1 hora na companhia de Ronnie.

“Os denunciados Ronnie Lessa e Élcio foram flagrados em plena combinação de depoimentos”, afirma o pedido de prisão.

Após a decretação da prisão preventiva nesta quinta-feira, Ronnie e Élcio devem ser encaminhados a Bangu 1. De lá, eles serão conduzidos a um presídio federal de segurança máxima. Além da prisão, foi determinado o bloqueio dos bens dos acusados.

Entre os motivos elencados para o pedido da prisão preventiva de Ronnie, está o risco de que o PM reformado fugisse para Atlanta, nos Estados Unidos. De acordo com o documento, ele tem uma filha que mora na cidade americana.

Outro ponto do texto que chama atenção é a menção a um relatório do COAF que apontou um depósito de R$ 100 mil na conta de Ronnie no dia 09 de outubro de 2018, feito na boca do caixa. O documento informa ainda que a nota fiscal de uma lancha foi localizada durante as buscas na casa do sargento, que é apontada como “incompatível com seus proventos de policial militar reformado”.

As investigações mostraram que, no dia do crime, Ronnie não fez nenhuma busca em seu celular no período em que o Cobalt prata no qual estavam os assassinos de Marielle e Anderson foi filmados nas ruas – após meses de consultas frequentes na internet.

O mesmo aconteceu com o celular pertencente a Élcio, que ficou na casa de Ronnie de 17h às 22h no dia do crime, ainda que o acusado tenha informado à polícia que não se lembra do que fez naquela ocasião e que não tem o costume de sair de casa em dias de trabalho como aquele. Esses seriam indícios de participação no crime da dupla, que – segundo o documento – teria ligações com milicianos.

De acordo com o relatório, as investigações concentraram suas atenções em Ronnie após uma denúncia anônima feita por telefone à Divisão de Homicídios em 15 de outubro de 2018. Ela apontava um PM reformado de nome Lessa e conhecido como Perneta como autor dos assassinatos de Marielle e Anderson. O homem teria estado no restaurante Tamboril, na Barra, antes de realizar execução. A partir do cruzamento de dados, a polícia chegou a Ronnie.

De O Globo