Jornalista atacada por Bolsonaro é filha de repórter que investiga milícias no RJ

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Leia o texto de Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista brasileira.

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“A Delegacia de Homicídios (DH) da Capital prendeu na manhã desta terça-feira o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, de 48 anos, por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. O policial teve a prisão preventiva decretada pelo juiz-substituto do 4º Tribunal do Júri Guilherme Schilling Pollo Duarte, após denúncia do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ. Também foi preso o ex-PM, Elcio Vieira de Queiroz, que estaria com Lessa na ação que executou Marielle. As prisões ocorreram por volta das 4h.”

Uma observação: a reportagem é de Chico Otávio e de Vera Araújo. Chico Otávio, um dos melhores repórteres do país, é pai de Constança Rezende, a repórter do Estadão atacada pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter. Bolsonaro mentiu sobre a jornalista, e as milícias de ódio bolsonaristas na internet passaram a ameaçá-la.

Bolsonaro também citou o pai da repórter, Chico Otávio. Quis convencer que havia um complô da imprensa para destruir a imagem da família Bolsonaro. O que Bolsonaro estava atacando? E por quê?

Chico Otávio é um dos repórteres que mais se dedica a investigar as milícias do Rio. Vale a pena perguntar: o presidente queria desqualificar aqueles que investigam as transações suspeitas de seu filho zero um, assim como o dinheiro suspeito na conta da primeira-dama, assim como envolvimento do próprio Bolsonaro com milícias suspeitas de terem matado Marielle?

Não está difícil ligar os pontos sobre os ataques do presidente à imprensa que investiga. Claro, a não ser que você seja um bolsocrente. Pela fé, dá para acreditar em qualquer coisa. Mas, pelo menos, vamos nos entender: essas coisas que parte das pessoas anda acreditando pela fé, quando a razão aponta bem para o outro lado, não tem nada a ver com Deus.

São muitas as perguntas ainda sem respostas. Mais do que nunca, a dois dias de completar UM ano do crime, precisamos seguir perguntando: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

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