Ocasio-Cortez, do partido democrata, não acredita que Trump tenha povo da Venezuela em mente

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“Não acredito que devemos confiar na intenção deste governo. Não acredito que eles tenham o povo da Venezuela em mente.” É assim que a nova estrela do Partido Democrata, Alexandria Ocasio-Cortez, explica à Folha as críticas que tem feito à estratégia do governo Donald Trump em relação à Venezuela.

Ocasio-Cortez afirma que não apoia o regime de Nicolás Maduro, mas é contrária às sanções que os Estados Unidos impuseram ao país latino-americano e a qualquer possibilidade de intervenção.

Segundo a deputada, as restrições americanas à Venezuela “contribuem para a crise humanitária e a pioram”.

Um dos alvos da democrata é Elliott Abrams, indicado por Trump para tratar dos assuntos de Venezuela desde janeiro. Neoconservador, Abrams foi envolvido no escândalo Irã-Contras, de financiamento dos EUA à guerrilha contrária ao governo sandinista na Nicarágua, nos anos 1980.

“Sob este governo, particularmente sob esse enviado especial [Elliott Abrams], quem o presidente Trump designou para a Venezuela, que já foi declarado culpado por vários crimes relativos ao Irã-Contras, que foi direcionado para desestabilizar a América Latina… não acredito que devemos confiar na intenção dessa administração, não acredito que eles tenham o povo da Venezuela em mente, não acredito que eles tenham os melhores interesses do povo em mente”, disse Alexandria.

“Como membros do Congresso, temos que olhar para isso sob a perspectiva dos Estados Unidos e das ações nas quais  estamos escolhendo nos engajar. Quando a gente apoia uma não intervenção não significa comentar ou tentar tomar posição na política doméstica de outra nação”, completou.

Na semana passada, Alexandria e outros 15 parlamentares democratas enviaram uma carta ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, com críticas à maneira como o governo Trump tem conduzido sua política em relação à Venezuela.

As sanções impostas pelos americanos, a possibilidade de uma intervenção militar e o reconhecimento do líder de oposição, Juan Guaidó, como presidente interino estão entre os pontos rechaçados pelos congressistas.

Também entre os que assinaram a carta a Pompeo, o deputado Ro Khanna, da Califórnia, reitera que isso não significa o apoio dos democratas a Maduro, a quem chama de “ditador”.

Segundo ele, a Venezuela está sob corrupção e crise econômica, mas “uma intervenção americana não vai ajudar nisso”.

Um dos mais respeitados deputados da ala mais progressista do Partido Democrata, Khanna defende novas eleições, com legitimidade internacional, para resolver a crise venezuelana.

O reconhecimento de Guaidó como presidente interino é compartilhado por 50 países, entre eles EUA e Brasil.

Além de Khanna e Ocasio-Cortez, chancelaram o documento Pramila Jayapal, Mark Pocan, Raul Grijalva, Henry C. “Hank” Johnson, Adriano Espaillat, Ilhan Omar, Rashida Tlaib, Ayanna Pressley, Nydia M. Velázquez, José E. Serrano, Tulsi Gabbard, Karen Bass, Danny K. Davis e Jan Schakowsky.

Tanto Ocasio-Cortez como Khanna negam que a postura da ala mais à esquerda do Partido Democrata signifique fazer uma oposição pura e simples a Trump.

O deputado, inclusive, destaca que concorda com o presidente americano quando o assunto é sua política em relação à Coreia do Norte e Afeganistão, por exemplo.

Da FSP