Resistência marca o bloco Chama o Síndico na Pampulha em BH

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“Seremos resistência juntos”, avisou o cartaz na frente do trio Chama o Síndico hoje, em um ensolarado domingo de Carnaval, em Belo Horizonte. O bloco fundado em 2012 por Matheus Rocha e Nara Torres com repertório de Tim Maia e Jorge Ben Jor arrastou uma multidão ao desfilar pela primeira vez diante do estádio do Mineirão, na região da Pampulha, em seu oitavo Carnaval.

Fortemente politizado, o cortejo trouxe protesto político para a folia. Cartazes carregados pelos integrantes e pregados no trio diziam palavras de ordem como “Ele não nos representa”, “Feminicídio basta”, “Pelo fim da LGBTQI+Fobia”, “Brumadinho não foi acidente”, além da placa com o nome “Rua Marielle Franco”.

Vários porta-estandartes trouxeram os rostos de Zumbi dos Palmares, Dandara, Paulo Freire e Elza Soares, entre outros.

No começo do cortejo, o músico Matheus Rocha protestou contra a proibição da PM de blocos se manifestarem politicamente.

“Não estamos em uma ditadura e a Constituição nos garante a liberdade de expressão”, bradou. “Ditadura nunca mais, censura, aqui não. Liberdade de expressão está na Constituição. Todo apoio aos blocos que foram censurados”, disse, citando o bloco Tchanzinho Zona Norte.

A multidão respondeu à fala com um sonoro grito: “Ele não”. Neste momento, um homem na plateia apontou o dedo do meio para Nara Torres, fundadora do bloco, que revidou no microfone: “Se não gosta, em BH tem outros blocos pra você ir. Aqui no Chama o Síndico é resistência, sim”.

Quando alguém puxou “Bolsonaro, vai tomar no c…”, Nara interveio mais uma vez, lembrando que ninguém no bloco deveria ser preconceituoso com orientação sexual. “Gente, tomar no c… não é xingamento”, pontuou, sendo fortemente aplaudida pela multidão em êxtase sob sol escaldante.

Matheus Rocha ainda pediu um “salve” a todos os professores presentes e criticou o projeto “Escola sem Partido”. “Escola é pra libertar, não pra aprisionar, viva Paulo Freire”, declarou, lembrando os ensinamentos do grande pedagogo brasileiro reconhecido internacionalmente.

Cerca de cem pessoas com deficiência integraram o desfile, na dança e na percussão, vindos do projeto social do bloco, o Sindicato Inclusivo, coordenado por Bruno Cunha Titi. As duas alas foram recebidas com euforia pelo público.

Do UOL