40% dos brasileiros acreditam que a corrupção vai aumentar com Bolsonaro no poder

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A expectativa da população em relação à redução da corrupção no país sofreu queda expressiva nos primeiros meses do governo Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com pesquisa do Datafolha.

Segundo o instituto, 40% dos entrevistados entendem que a corrupção vai aumentar a partir de agora, ante 35% que avaliam que ela vai diminuir e 21%, que vai ficar como está.

Em pesquisa feita em dezembro, último mês do governo Michel Temer(MDB), 58% disseram que a corrupção iria diminuir e 19% opinaram que iria aumentar.

O vice, Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro e Sergio Moro, durante a posse, em janeiro
O vice, Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro e Sergio Moro, durante a posse, em janeiro – Eduardo Anizelli – 1.jan.19/Folhapress

O Datafolha ouviu 2.086 entrevistados nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os dados mostram que a opinião mais pessimista tende a acompanhar o perfil de quem também é mais crítico ao novo governo, como mulheres, jovens de 16 a 24 anos e eleitores do Nordeste.

Entre quem avalia o governo Bolsonaro como ótimo ou bom, o índice de pessimistas em relação a esse problema cai para 20%. No Sul, vai a 35%.

Durante a campanha, Bolsonaro investiu no discurso contra a corrupção como forma de marcar posição em relação a partidos alvejados pela Operação Lava Jato, especialmente o PT, que teve seu principal líder, o ex-presidente Lula, preso no ano passado.

O vínculo com essa demanda se fortaleceu com a nomeação do ex-juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato no Paraná, para o Ministério da Justiça, anunciada dias depois do segundo turno.

Mas, desde então, a bandeira anticorrupção foi abalada por dois fatores. O primeiro foi a revelação, ainda antes da posse, de movimentações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, registradas em relatório do Coaf, órgão de inteligência federal. O caso envolveu o novo governo diretamente porque Queiroz, na época em que era assessor, destinou um cheque de R$ 24 mil para a atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O presidente disse se tratar da devolução de um empréstimo, mas nunca apresentou comprovação de que tenha repassado dinheiro anteriormente ao ex-assessor.

Em dez fotos, os primeiros cem dias do governo Bolsonaro
Em dez fotos, os primeiros cem dias do governo Bolsonaro

Além disso, em fevereiro uma série de reportagens da Folha mostrou que o PSL lançou candidaturas de laranjas para o Legislativo para preencher cotas de mulheres em coligações em Minas e em Pernambuco. A Polícia Federal vê indícios de que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o diretório mineiro, tem participação nas irregularidades.

Em Pernambuco, o caso envolveu Luciano Bivar, presidente nacional do partido e deputado federal. A crise política deflagrada provocou ainda a saída do primeiro ministro da nova gestão, Gustavo Bebianno, que tinha sido indicado para a Secretaria-Geral da Presidência após coordenar a campanha eleitoral no ano passado.

Da FSP