Bolsonaro corta patrocínio de 13 projetos culturais, incluindo Anima Mundi

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A Petrobras cortou o patrocínio de treze projetos culturais que apoiava historicamente. A lista inclui o Festival do Rio de cinema, o Anima Mundi e a Casa do Choro. A decisão foi antecipada pela rádio CBN a partir de um documento enviado pela empresa aos deputados federais Áurea Carolina e Ivan Valente, do PSOL, ao qual O GLOBO também teve acesso.

A decisão segue a determinação do governo Bolsonaro de reavaliar os contratos de patrocínio da empresa, segundo informa a Secretaria de Governo da Presidência da República no documento. Em fevereiro, o presidente publicou no Twitter que, embora reconheça “o valor da cultura e necessidade de incetivá-la”,  acredita que esse financiamento “não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal”.

No dia 11 de abril, Diego Pila, gerente de patrocínios da Petrobras, disse em audiência pública sobre patrocínios estatais na Comissão de Cultura da Câmara, em Brasília, que a diretoria da empresa teve um corte no orçamento destinado à comunicação, que abrange a cultura:

— Tinhamos um orçamento aprovado para 2019 de R$ 180 milhões. Ele foi cortado em cerca de 30%, caiu para R$ 128 milhões. Isso reduziu muito nossa possibilidade de investimento para este ano. Temos um orçamento destinado a cumprir com nossas obrigações contratuais e algum espaço para novos projetos. Devemos nos próximos dias divulgar o resultado do nosso edital de projetos de música, vamos colocar R$ 10 milhões em 19 projetos dessa área nos próximos dois anos.

Música, cinema e teatro

Na área da música, o corte também afeta o tradicional  Prêmio da Música Brasileira , que no ano passado recebeu R$2,5 milhões da empresa, e o Clube do Choro de Brasília. No cinema, a lista inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o Festival de Cinema de Vitória, o CineArte e a Sessão Vitrine. Já no teatro foram cortados o Festival Porto Alegre em Cena e o Festival de Curitiba.

Idealizador do Prêmio da Música Brasileira, José Maurício Machline conta que estava fechando um projeto mais amplo para a 30ª edição da cerimônia, em 2019, que incluiria um documentário e uma turnê. O produtor (que em 2017 conseguiu fazer a premiação sem petrocínio, com ajuda de parceiros e dos artistas, que abriram mão de cachê) segue captando com outras empresas via Rouanet para não deixar de realizar o evento este ano.

— No fim do ano passado estávamos com as negociações avançadas. O fim do patrocínio nos pegou de surpresa, já que, segundo a própria Petrobras, o Prêmio era uma das principais ações em termos de retorno de imagem e marca — comenta Machline. — Não acho que empresas como a Petrobras devam ser vistas como mecenas da arte. Por isso mesmo eles sempre foram rigorosos nos processos para analisar o quanto de retorno cada projeto gera.

Procurada nesta segunda, a Petrobras respondeu por meio de sua assessoria:

“A Petrobras segue realizando apoio a projetos culturais. O orçamento para patrocínios, assim como diversas outras áreas, sofreu redução à luz do Plano de Resiliência divulgado no dia 8/3/19. Por esta razão, tivemos projetos nas áreas de audiovisual e artes cênicas já concluídos, que não foram renovados. Os contratos vigentes estão em andamento e com seus desembolsos em dia.”

A resposta diz ainda que a Petrobrás “está revisando sua política de patrocínios para readequar seu orçamento e em alinhamento ao posicionamento de marca da empresa, com intenção de maior foco nos segmentos de ciência & tecnologia e educação, principalmente infantil.”

De O Globo.