Investigação sobre a interferência russa na eleição de 2016 abala a aceitação do presidente norte-americano 

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Democratas do Congresso dos Estados Unidos tomaram medidas, na última sexta-feira, 19, para obter acesso completo à investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa na eleição norte-americana de 2016, enquanto as descobertas do inquérito abalaram a aprovação do presidente Donald Trump.

O número de norte-americanos que aprovam Trump caiu 3 pontos percentuais para o menor nível do ano após a divulgação do relatório do procurador especial detalhando a interferência russa na eleição presidencial, segundo pesquisa exclusiva Reuters/Ipsos.

Em seu relatório, Mueller disse que a investigação não estabeleceu que a campanha de Trump atuou em coordenação com os russos. No entanto, investigadores encontraram “múltiplos atos do presidente que foram capazes de exercer influência indevida sobre as investigações”.

Enquanto Mueller decidiu não acusar Trump de nenhum crime, ele também disse que a investigação não isenta o presidente. O presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, Jerrold Nadler, um democrata, emitiu uma intimação para que o Departamento de Justiça entregue o relatório completo e outras evidências relevantes até 1º de maio.

“Meu comitê precisa e tem direito à versão completa do relatório, além de evidências subjacentes consistentes com práticas passadas. As redações parecem ser significativas. Até agora, não vimos nenhuma das evidências que o procurador especial desenvolveu para apresentar este caso”, disse Nadler em um comunicado.

O relatório forneceu detalhes extensos sobre os esforços de Trump para impedir a investigação de Mueller, dando a democratas munição política substancial contra o presidente republicano, mas nenhum consenso sobre como usá-la.

Líderes democratas minimizaram conversas sobre o impeachment de Trump, faltando apenas 18 meses da eleição presidencial de 2020. Mas alguns membros proeminentes da ala progressista do partido, notadamente a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, prometeram trabalhar nesse sentido.

A senadora Elizabeth Warren, que concorre à nomeação do Partido Democrata à Presidência, disse que o Congresso deveria começar o processo para retirar Trump do cargo de presidente devido ao relatório Mueller.

“A gravidade dessa má conduta exige que as autoridades eleitas de ambos os partidos deixem de lado as considerações políticas e cumpram seu dever constitucional”, disse Warren no Twitter. “Isso significa que a Câmara deve iniciar um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos.”

Trump, que repetidamente chamou a investigação Mueller de caçada às bruxas política, atacou novamente. “Declarações são feitas sobre mim por certas pessoas no relatório do maluco Mueller… que são fabricadas e totalmente inverdadeiras”, disse na última sexta. No mesmo dia, a Rússia afirmou que o relatório Mueller não possui nenhuma evidência de que Moscou tenha interferido. “Nós, como antes, não aceitamos tais alegações”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Um parágrafo do relatório está no cerne sobre se Mueller, ex-diretor do FBI, tinha a intenção de que o Congresso buscasse mais ações contra Trump. “A conclusão de que o Congresso pode aplicar as leis de obstrução ao exercício corrupto pelo presidente dos poderes do cargo está de acordo com o nosso sistema constitucional de pesos e contrapesos e o princípio de que ninguém está acima da lei”, escreveu Mueller.

Do Estadão