Lollapalooza teria contratado moradores de rua para por R$ 50 o dia de trabalho

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Além de muita música, o festival Lollapalooza começou na última sexta-feira (5), em São Paulo, com polêmica. O evento segue até domingo (7) e, de acordo com apurações da Folha de S. Paulo, a organização teria contratado moradores de rua para a montagem dos palcos pagando R$ 50 por 12h de trabalho.

Um ingresso para um dia de festival custa até R$ 800, sendo que o valor do camarote ultrapassa R$ 1.400.

Segundo a Folha de S. Paulo, trabalhadores contaram que o recrutamento desses trabalhadores ocorre ao longo de 15 dias antes do festival e 15 dias após o evento.

Boa parte dos entrevistados dormem em abrigos e afirmaram que existem alguns pontos próximos onde é comum esse tipo de recrutamento.

Vans de empresas buscam os trabalhadores, levam até os locais de trabalho e depois os trazem de volta.

Ainda foi apurado que, nem sempre há contrato, segundo eles. No caso do Lollapalooza, alguns disseram que chegaram a assinar um documento, mas sem registro em carteira.

Um entrevistado revelou à equipe de reportagem que a van passava por volta das 6h, o trabalho começava às 8h, encerrava às 20h e a empresa oferecia um marmitex no almoço.

O homem diz que costuma usar o dinheiro para comprar itens de higiene pessoal e fazer recarga de celular, mas outras pessoas que estariam na fila do abrigo disseram que muitos acabam usando o pagamento para quitar dívidas de drogas e bancar os vícios.

A organização do Lollapalooza foi procurada pela Folha de S.Paulo na última sexta-feira (5), mas não retornou.

Indignação

O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, também denunciou a situação em suas redes sociais. Segundo ele, cerca de 120 pessoas foram convocadas para o trabalho.

“O preço de mercado para um carregador trabalhar 12 horas seria de R$ 100”, afirma.

Denúncia arquivada

A reportagem veiculada na Folha de S.Paulo, neste sábado (6), recorda que, no ano passado, uma empresa de montagem e manutenção terceirizada pelo Lollapalooza foi denunciada ao Ministério do Trabalho por uma pastoral, por uso de mão de obra de moradores de rua na montagem de estruturas, relatando falta de registro e ausência de banheiros, mas foi arquivada em um mês.

A jornada de trabalho pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é de 8 horas, mais 2 horas extras, período em que a remuneração é 50% superior à da hora normal. No estado de São Paulo, o piso diário por lei é de R$ 38,80.

De O Tempo