PSL tenta censurar Marcelo Freixo

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O diretório do PSL em Niterói encaminhou ao reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, um ofício exigindo o cancelamento de um debate que ocorrerá nesta sexta-feira na instituição com a participação do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL). O documento foi enviado ao gabinete da reitoria. O evento “É tempo de resistir”, organizado pelo coletivo estudantil “RUA-Juventude Anticapitalista”, acontecerá na Faculdade Nacional de Direito.

Na carta, o também deputado federal Carlos Jordy (PSL), amigo pessoal dos filhos de Jair Bolsonaro e presidente do diretório, cita a filiação do reitor da UFRJ ao PSOL e afirma que o evento “toma relevo de ilegalidade” por ter o escopo de “defenestrar a pessoa do Presidente da República”.

“Assim, diante do evento que se avizinha, é que a utilização dos equipamentos públicos para favorecer uma entidade privada, que é um partido político, contrário ao princípio constitucional da impessoalidade, e sobretudo com o escopo de defenestrar a pessoa do Presidente da República, toma relevo de ilegalidade”, diz o ofício.

No documento, Jordy argumenta que o evento pode ser considerada uma propaganda eleitoral antecipada e afirma que o reitor, o deputado e outros agentes públicos envolvidos poderão responder por improbidade administrativa.

Em nota publicada no Facebook, o Coletivo RUA afirma que não vai cancelar o evento, que faz parte da agenda de recepção aos calouros do primeiro semestre de 2019.

“A Constituição Federal garante liberdade de expressão para a realização de debates em locais públicos, considerando estar fora de período eleitoral, bem como da livre associação a qualquer partido. Não aceitaremos a criminalização do diálogo, da troca de ideias e da diversidade de pensamento”, diz a publicação do RUA.

Membro do coletivo e aluno de mestrado da UFRJ, o estudante Caíque Azael reiterou a realização do debate e considerou “gravíssimo” o ofício enviado pelo PSL à universidade.

— O evento está mantido e caso aconteça algo para impedir nossa entrada da universidade vamos alterar o local, mas não acreditamos que isso vá acontecer, a UFRJ tem uma tradição democrática. O ofício é muito equivocado e fere a autonomia universitária, inclusive faz uma interepretação errada do papel da universidade e dos deputados. É gravíssimo querer impedir a realização de um debate acadêmico dentro da UFRJ, principalmente pelos motivos elencados no ofício, que criminaliza os movimentos sociais, os partidos políticos e o movimento estudantil — criticou o estudante.

A reitoria da UFRJ confirmou o recebimento do ofício e afirmou que não participa da organização dos eventos estudantis.

D’O Globo