Bolsonaro assume que é um estorvo para o Brasil: “o problema é a classe política”

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No início da semana na qual tenta reorganizar a frágil articulação com o Legislativo para a aprovação de projetos prioritários do governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda (20) que “o grande problema do Brasil é a classe política”.

Em discurso na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), ele repetiu conceitos da mensageme compartilhou na sexta (17) squegundo a qual o país “é ingovernável” sem os “conchavos” que ele se recusa a fazer. O texto ainda acusava “corporações” de boicotar seu governo.

“O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo. Mas o grande problema é a nossa classe política”, disse ele, ao pedir apoio do governador e do prefeito do Rio, Wilson Witzel (PSC) e Marcelo Crivella (PRB), respectivamente.

“É nós [sic] Witzel, é nós [sic] Crivella, sou eu, Bolsonaro, é o Parlamento, em grande parte, é a Câmara Municipal, é a Assembleia Legislativa. Nós temos que mudar isso.”

esta semana, o presidente precisa de votos no Congresso para garantir a aprovação de 11 medidas provisórias prestes a expirar. A maioria delas tem relevante impacto econômico e na estrutura administrativa do governo.

Em outra frente, o presidente tentará mostrar que mantém o apoio popular conquistado nas urnas em outubro, quando ele foi eleito com quase 58 milhões de votos. Está marcada para o próximo domingo (26) uma série de atos em defesa da gestão Bolsonaro.

“Cada vez que eu toco o dedo numa ferida, um exército de pessoas influentes se vira contra mim, buscam de todas as maneiras me desacreditar”, afirmou, nesse evento no Rio, conclamando os presentes a pressionar seus parlamentares a votar propostas do governo.

“Nós temos uma oportunidade ímpar de mudar o Brasil. Mas não vou ser eu sozinho –apesar de meu nome ser Messias– que vou conseguir.”

O texto compartilhado pelo presidente em seus grupos de WhatsaApp vem sendo usado para incentivar a convocação de apoiadores para manifestações de domingo (26). Os protestos pedem a aprovação de pautas do governo, como a reestruturação dos ministérios e a reforma da Previdência.

Em seu discurso na Firjan, Bolsonaro afirmou que não há crise entre poderes e voltou a criticar a imprensa. “O que há é uma grande fofoca. E parece que, lamentavelmente, grande parte da nossa mídia se preocupa mais com isso do que com a realidade e o futuro do Brasil”, disse.

Ele criticou, porém, o ritmo das votações no Congresso, dizendo que a convocação das manifestações de domingo foi mais ágil. “O que mais quero é conversar [com o Congresso]. Mas eu sei que tem gente que não quer apenas conversar”, disse, sem especificar quem seriam e quais os interesses desses últimos.

No Rio, Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Industrial concedida pela Firjan –segundo o presidente da federação, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, por ter editado a MP da liberdade econômica, com medidas para desburocratizar os investimentos. ​

Na lista de prioridades do governo, está a MP que mudou a estrutura da Esplanada, mexeu com funções de ministérios e reduziu para 22 o número de pastas. Se a medida provisória não for aprovada por Câmara e Senado em duas semanas, o texto expira e o governo será obrigado a retomar a estrutura anterior, com 29 ministérios.

Além da oposição, as derrotas recentes do governo no Congresso contam como patrocinador o chamado centrão, grupo informal de partidos formado por DEM, PSD, PTB, PP, PR, entre outros.

O DEM, por exemplo, comanda a Câmara, o Senado e três ministérios do governo.

O governo enfrenta dificuldades para consolidar uma base de apoio no Congresso e coleciona derrotas. A mais recente foi a convocação na semana passada do ministro da Educação, Abraham Weintraub. O ministro foi obrigado a comparecer ao Congresso por uma esmagadora maioria –307 votos favoráveis e apenas 82 contrários.

Em meio à ausência de apoio no Legislativo, Bolsonaro tenta fazer um apelo à população para se mostrar forte.

Em entrevista após a cerimônia, o porta-voz da presidência, Otávio do Rego Barros, disse que Bolsonaro ainda não decidiu se participará de manifestações no domingo.

De Folha de SP