Complexo do Alemão protesta após professor de jiu-jítsu ser assassinado pela polícia

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Moradores do Complexo do Alemão, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, protestaram nesta terça-feira (14) após a morte do professor de jiu-jítsu Jean Rodrigo da Silva. Ele trabalhava em um projeto social na comunidade.

Com o assassinato de Jean, são ao menos 13 as mortes decorrentes de ações policiais registradas na cidade em apenas nove dias.

De acordo com o relato dos moradores presentes na manifestação, Jean foi confundido com um traficante e morto com um tiro na cabeça por policiais militares que realizavam uma patrulha na região. Ele foi atingido em frente ao centro de treinamento onde praticava e ensinava a arte marcial.

Os manifestantes ainda relataram que os policiais jogaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o protesto e atiraram várias vezes em direção ao chão na tentativa de simular um tiroteio. A perícia chegou ao local quatro horas após a morte.

A Polícia Militar informou, em nota, que na tarde de terça uma equipe da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Complexo do Alemão fazia patrulhamento na Estrada Velha da Pavuna, próximo à rua Carmem Cinira, quando foi alvo de disparos de arma de fogo realizados por dois homens que dirigiam motos, o que teria iniciado um confronto. Após o conflito, a PM afirma que os policiais envolvidos foram até a delegacia para registrar a ocorrência.

Posteriormente, outra equipe foi informada que duas vítimas foram encontradas na região, segundo informações fornecidas pela PM: além de Jean, um outro homem, cujo nome não foi divulgado, foi ferido e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.

Na manhã de segunda-feira (13), três homens morreram no morro do Vidigal, na zona sul, após um conflito com a PM. Na sexta-feira (10), um homem morreu e duas pessoas ficaram feridas, entre elas um menino de 11 anos, na comunidade Vila Aliança, em Bangu.

Quatro dias antes, uma operação da Polícia Civil no Complexo da Maré deixou oito pessoas mortas. A Defensoria Pública cobrou uma investigação após relatos de moradores de que helicópteros foram usados como plataformas de tiros e de que pessoas foram executadas após serem rendidas por policiais.

A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) iniciou uma apuração para averiguar as circunstância das ocorrências. Outra investigação será conduzida pela Polícia Civil, que busca câmeras de segurança instaladas na região que ajudem a apurar os fatos.

No Twitter, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), lamentou a morte do professor e afirmou que o crime não ficará impune e será investigado com rigor.

O governador tem recebido críticas por conta de sua política de segurança. No último dia 7, a deputada federal Tarília Petrone (PSOL) denunciou à ONU (Organização das Nações Unidas) o que chamou de “agenda genocida” do governador. Witzel defende ações controversas para a redução da criminalidade no estado, como o uso de helicópteros como base de tiro para abater criminosos portando fuzis.

A denúncia se baseia em ocorrências e dados do Instituto de Segurança Pública do Rio. De acordo com dados do instituto, foram registradas 434 mortes decorrentes de ações das forças de segurança entre janeiro e março deste ano, um aumento de 18% em relação ao mesmo trimestre de 2018.

Da FSP