Governo português ressalta a importância de Paulo Freire para a educação no mundo

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Dois dias depois de o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmar que “ninguém quis copiar Paulo Freire” durante um evento com professores em São Paulo, o governo português ressalta a importância do educador brasileiro como inspiração para vários países.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, afirmou que o educador Paulo Freire foi “um grande pedagogo, teórico e prático da educação e, em particular, dos processos da alfabetização e da educação de adultos. Nós seguimos como inspiração na maneira também que construímos em Portugal nosso sistema de educação de adultos. O mesmo que se sucedeu em Portugal sucedeu em muitos outros países em que Paulo Freire significa um inspirador e uma fonte permanente de boas ideias e boas práticas”.

As declarações de Augusto Santos Silva, nesta segunda-feira (27), em Lisboa, foram durante a apresentação do Programa de Mobilidade Acadêmica Paulo Freire — PALOP, da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), que confere bolsas para estudantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) cursarem um semestre em alguma instituição de ensino superior em Portugal.

O programa “Paulo Freire” foi lançado em 2014 pela OEI e promove intercâmbios acadêmicos de estudantes da área da docência de países ibero-americanos. “O programa tem como destinatários todos aqueles que estão em formação para serem docentes, não apenas professores do ensino básico, mas também universitários. Justamente porque a prioridade é dada a esses estudantes é que o programa leva o nome de um grande pedagogo”, explica à Sputnik Brasil a diretora da OEI Portugal, Ana Paula Laborinho.

Este ano marca o início do projeto-piloto, em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para beneficiar universitários dos PALOP. São 21 bolsas para estudantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. “O programa já é bastante significativo e a ideia é expandir”, afirma à Sputnik Brasil o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles.

Para a diretora da OEI Portugal, o período de críticas aos métodos de Paulo Freire no Brasil, endossadas pelo presidente Jair Bolsonaro, não deve “apagar a história, nem apagar as contribuições”. “Ainda hoje é um grande pedagogo, que centra o conhecimento no aluno. Talvez hoje, quando falamos em desenvolver competências para o século XXI, há muitos dos ensinamentos dele que são cada vez mais atuais”, analisa a diretora.

Do Sputnik