Guaidó convoca principais unidades militares de todo o país contra Maduro

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O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, convocou nova mobilização nas “principais unidades militares de todo o país” para a manhã deste sábado (4). É mais uma tentativa da oposição de conquistar o apoio das Forças Armadas contra o regime de Nicolás Maduro.

“Seguimos na rua! Amanhã, sábado, às 10h (11h, de Brasília), mobilizaremos as principais unidades militares em todo o país. Em paz, para seguir somando e sem cair em provocações. Fiquem atentos aos pontos de concentração que serão anunciados”, diz o chamado, publicado na sexta-feira pelo Twitter.

Até a noite desta sexta-feira, a oposição liderada por Guaidó não havia informado detalhes sobre essa movimentação nem os locais exatos onde ocorreriam.

Na terça-feira, Guaidó liderou um movimento em frente à base aérea La Carlota e disse que havia conseguido o apoio de integrantes das Forças Armadas. Entretanto, os militares de alta patente mantiveram o respaldo a Maduro.

Houve confrontos violentos em Caracas, principalmente na terça e na quarta-feira. Ao menos cinco pessoas morreram, de acordo com levantamento da ONU.

Maduro, na quarta-feira, acusou a oposição liderada por Juan Guaidó de querer iniciar uma guerra civil na Venezuela. Em discurso, o chavista ainda insinuou que os Estados Unidos poderiam ordenar invasão militar caso a tensão interna escalasse para um conflito armado.

“Se tivéssemos mandado tanques para os enfrentar, o que teria acontecido? Um massacre entre venezuelanos”, afirmou Maduro.

Guaidó, do outro lado, pediu aos aliados que saiam para protestar todos os dias, no que denomina “Operação Liberdade” para tirar os chavistas do poder.

“Todos os dias vamos ter ações de protesto até obter a liberdade. Vamos insistir até conquistar nosso objetivo”, disse.

De um lado, Maduro fez pronunciamento ao vivo ao lado da cúpula das Forças Armadas e apareceu ao lado de fileiras de militares. No Twitter, o chavista postou um vídeo com discurso que prega a unidade dentro do exército.

“O futuro da Venezuela tem que ser de paz, a prosperidade, o trabalho, esperar as dificuldades que teremos e enfrentá-las, mas unidos, sempre unida a Força Armada Nacional Bolivariana”, diz Maduro.

Do outro, Guaidó ainda tenta angariar respaldo das forças de segurança. “Família militar: vejam o respaldo cívico, contundente e determinado que receberam do povo venezuelano em poucas horas e compare com aqueles que se esconderam”, pediu Guaidó, pelo Twitter.

“O usurpador [Maduro] não vai resolver nenhum problema porque não tem autoridade”, completa a mensagem.

O autoproclamado presidente chegou a admitir, na quarta-feira, que os militares que estiveram com ele no último levante “não foram suficientes”. “Faltam peças importante, as Forças Armadas, e temos que continuar falando com eles. Ficou claro que nos ouvem”, disse.

O Grupo de Lima divulgou comunicado nesta sexta-feira em que diz que tomará as medidas necessárias para que Cuba participe no esforço para se chegar ao fim da crise venezuelana.

A nota divulgada acusa Maduro de proteger “grupos terroristas” na Colômbia. Nesse contexto, sem especificar, o grupo rejeita qualquer tentativa de desestabilizar as instituições colombianas, bem como de ameaçar a vida do presidente colombiano, Iván Duque.

A nota não trata de solução militar para a crise. Os signatários do comunicado condenam a repressão do “regime ilegítimo e ditatorial de Nicolás Maduro”, citando mortes e centenas de feridos e detidos. Também instam os membros da Força Armada Nacional Bolivariana a “cumprir com seu mandato constitucional” e cessar apoio a Maduro.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou que a reunião do Grupo de Lima teve a intenção de “deixar muito claro” que o desfecho dos atos dos últimos dias na Venezuela, contra o regime de Nicolás Maduro, não representou “uma derrota” do líder oposicionista Juan Guaidó.

“Tem esse lado de não deixar que se crie uma narrativa, que seria falsa, de um retrocesso no processo, ao contrário. Dia 30 de abril e 1° de maio foi um avanço, continuar no apoio disso, e sempre imaginando novos, discutindo novos elementos de pressão diplomática”, acrescentou.

O Grupo de Lima foi criado em 2017 por iniciativa do governo peruano com o objetivo de pressionar para o restabelecimento da democracia na Venezuela. Além do Brasil e do Peru, mais 11 países integram o grupo – Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá e Paraguai.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou nesta sexta-feira (3) por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a situação na Venezuela. Ele afirmou que o colega russo não quer intervir no conflito e que ambos têm o desejo de encontrar uma solução “positiva” para a crise no país sul-americano.

“Ele [Putin] não está pensando de forma alguma em se envolver na Venezuela, além de querer ver acontecer algo positivo na Venezuela, e eu sinto o mesmo”, afirmou Trump.
As declarações de Trump mostram um contraste com a postura manifestada até então pela Casa Branca e o Departamento de Estado, que responsabilizaram Rússia e Cuba pela permanência de Maduro no poder.

O governo norte-americano mantém a posição de que “todas as opções estão à mesa” para resolver a questão venezuelana. Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, chegou a dizer que uma solução militar poderia ser aplicada “se necessário”.

Do outro lado, na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, alertou que os EUA terão “graves consequências” se continuar a dar “passos agressivos” na Venezuela.

“Só o povo venezuelano tem o direito de determinar seu destino, razão pela qual é necessário um diálogo entre todas as forças políticas do país, que é o que há muito tempo pede o governo”, disse Lavrov de acordo com o comunicado.

De G1