Projetos da prefeitura do Rio não saem do papel e licitações são canceladas

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Na cidade em que tudo desaba —ciclovia, prédio, túnel, encosta, emprego, comércio, saúde, educação, transporte, segurança, sem falar na autoestima dos cariocas—, o prefeito quer erguer um monstro no Centro.

Um monstrengo arquitetônico —com 17 andares, uma pracinha mixuruca e um mercado de 8.500 metros quadrados— para substituir o chamado camelódromo, na rua Uruguaiana, onde trabalham 1.300 ambulantes cadastrados (e outros tantos de maneira irregular), vendendo de tudo, preferencialmente mercadoria falsificada. Os produtos mais procurados são celulares de duvidosa procedência e remédios cuja venda é proibida no país —certos abortivos, por exemplo. Sabendo com quem falar, você compra uma camisa do Flamengo, com o nome de Bruno Henrique nas costas, por R$ 40.

O valor estimado do projeto é de R$ 13 milhões —sem contar a construção do edifício. Segundo o prefeito, será uma parceria público-privada. E aí podemos respirar aliviados, porque dificilmente a ideia sairá do papel. Desde que tomou posse, Crivella anunciou várias iniciativas do tipo PPP —maravilhas como saneamento básico na zona oeste, reurbanização da favela Rio das Pedras, estacionamentos subterrâneos, construção de escolas infantis e até um “high line” (parque suspenso) sobre os trilhos da Central. Nenhuma vingou.

O teto do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas só desabou —felizmente sem deixar vítimas— porque a prefeitura reduziu os investimentos em manutenção e proteção de encostas. Havia uma licitação para reparos em cinco túneis, mas foi cancelada. Assim segue a cidade, de cancelamento em cancelamento.

Na real, Crivella não consegue nem tapar um buraco. Na rua do Ouvidor, em frente ao botequim Toca do Baiacu, tem um enorme, aberto há seis meses. O colunista, que recomenda a feijoada do estabelecimento, é testemunha da esculhambação.

Da FSP