A extrema-direita está deixando crianças em um tipo de coma na Suécia

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Divulgação: Netflix

Assisti a “A Vida em Mim”, documentário da Netflix, e chorei durante seus 40 minutos. Crianças estão ficando por mais de um ano inconscientes, em um tipo de coma, após passarem por traumas severos causados por situações de violência que fizeram suas famílias pedirem asilo na Suécia.

O problema se agrava com as regras mais rígidas deste país para aceitar refugiados e o crescimento da xenofobia inflada pela extrema-direita. Life Overtakes Me é curto e grosso. E necessário.

O filme revela que há centenas de crianças sofrendo da chamada Síndrome da Resignação, uma doença nova e misteriosa. Diante do trauma vivido (muitas vêm de países em conflito), as crianças param de comer, de beber e, por fim, entram em sono profundo, passando meses ou anos nessa condição.

Em um dos casos retratados pelo documentário, a criança entrou nesse estado após descobrir que o pedido de asilo na Suécia havia sido negado. Tinha medo de voltar ao seu país e morrer.

Na audiência junto ao conselho de imigração, ela e sua irmã foram submetidas à íntegra das conversas, descobrindo detalhes das violências sofridas por seus pais.

É chocante, é triste. Um país que sempre teve suas portas abertas aos refugiados agora, diante de mentiras e de discursos da extrema-direita, vê crescer na sociedade o sentimento xenofóbico.

O mundo está doente. O Brasil, em estado crítico, especialmente. Um câncer social, por aqui, chegou ao poder. Enquanto eu assistia à dor daquelas crianças e de seus familiares, não parava de passar pela minha cabeça a fala abjeta de Bolsonaro, chamando refugiados de “escória do mundo”.

Escória são políticos como Bolsonaro e seus filhos, parasitas reais da sociedade. Eles me despertam asco. Já as famílias, fragilizadas pela dor causada pela monstruosidade do ser humano, encheram meu coração de empatia e ternura. Mesmo com tanto horror no mundo, seguem juntas, passando pela escuridão, mantendo o amor umas pelas outras.

No filme, enquanto a mãe colocava sorvete na boca do filho inerte, tentando fazer com que ele engolisse o alimento, as lágrimas escorria pelo seu rosto. Muita dor. Muito amor. E uma incrível capacidade de resiliência e de esperança.

Algumas das famílias do documentário, que acaba de ser lançado, aguardam a resposta ao pedido de asilo. Enquanto isso, a escória do mundo (a extrema-direita) passa feito um trator sobre a humanidade dos outros.

É esse tipo de experiência que fortalece em mim a vontade de continuar lutando pelo bom e pelo justo. E pela queda de todos esses monstros (criados no ódio e na mentira) que hoje tomam conta do poder no meu país e em outras partes do mundo.

Sigamos.

Clique aqui para assistir ao trailer no site da Netflix.