Após demissão de Levy, governo soma 19 baixas no segundo escalão

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Com o pedido de demissão de Joaquim Levy da presidência do BNDES, anunciado na manhã deste sábado, o governo de Jair Bolsonaro chegou a 19 baixas no segundo escalão, segundo levantamento do GLOBO. No sábado, renunciou ao cargo o diretor do banco de fomento Marcos Barbosa Pinto, de quem o chefe do Executivo exigiu a saída em pressão sobre Levy . Na sexta-feira, Bolsonaro disse a jornalistas que demitiria o presidente dos Correios, Juarez Aparecido de Paula Cunha , por ele ter se comportado “como um sindicalista” durante visita à Câmara dos Deputados.

O número de demissões leva em conta os nomeados por Bolsonaro ou aqueles que tiveram aval do presidente na sua indicação no final do governo Temer. A maior quantidade de substituições (10) ocorreu no Ministério da Educação (MEC), que já teve também troca do titular após demissões e decisões polêmicas : de Ricardo Vélez para Abraham Weintraub. Uma guerra entre a ala ideológica, militares e quadros técnicos no ministério levou a uma sucessão de baixas no ministério.

Jair Bolsonaro demitiu em 13 de junho Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo da Presidência. A decisão foi atribuída por um auxiliar do presidente a uma “falta de alinhamento político-ideológico” e embates com outros integrantes do governo. Ele foi alvo constante de Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e da ala ideológica do governo.

O presidente Jair Bolsonaro demitiu em 8 de abril Ricardo Vélez Rodríguez do Ministério da Educação. O anúncio foi feito pelo Twitter. Decisões polêmicas, como a revisão dos livros didáticos sobre o golpe e a ditadura militar e uma orientação para que as escolas filmassem os alunos cantando o hino, fizeram com que críticas recaíssem sobre a gestão.

O porta-voz da Presidência da República confirmou a demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral em 18 de fevereiro. O processo de desgaste começou com denúncias de supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL e chegou ao estopim quando ele foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro. Ele nega as acusações.

No Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC, houve três presidentes somente nos seis meses de gestão Bolsonaro.

Na Agência de Promoção das Exportações (Apex), do Ministério de Relações Exteriores, também já ocorreram duas trocas de presidente. Há ainda registros de trocas em cargos de segundo escalão em mais cinco ministérios: Direitos Humanos, Secretaria de Governo, Cidadania e Turismo. Na Casa Civil, essa semana, o ministro Onyx Lorenzoni exonerou um ex-deputado que cuidava da articulação política .

Em meio a uma disputa entre as alas ideológica e militar, foram demitidos dois secretários-executivos, cinco secretários setoriais e dois presidentes do Inep.

Apex
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações já teve dois presidentes demitidos. O presidente Jair Bolsonaro confirmou em 10 de janeiro a demissão de Alecxandro Carreiro, cujo mandato durou apenas sete dias . Assumiu o posto o embaixador Mário Vilalva, que acabou demitido em 9 de abril após uma série de desentendimentos com diretores.

Funai
O presidente da Fundação Nacional do Índio, Franklimberg de Freitas, perdeu o cargo por pressão da bancada ruralista.

Secretaria de Comunicação
Floriano Barbosa, que chegou à Secom após trabalhar com Eduardo Bolsonaro, foi substituído por baixo desempenho na função.

Secretaria de Esporte
Marco Aurélio Vieira entrou em conflito com o ministro Osmar Terra (Cidadania) por discordar da nomeação de alguns políticos na sua área.

Embratur
Paulo Roberto Senise ficou menos de dez dias no cargo e deu lugar a Gilson Guimarães Neto, que atuou na campanha de Bolsonaro.

Casa Civil
O ex-deputado Carlos Manato (PSL-ES) foi demitido da Secretaria Especial para a Câmara da Casa Civil. O argumento foi que o trabalho de articulação política não funcionou.

Correios
Bolsonaro anunciou a demissão de Juarez Cunha por agir como “sindicalista” ao se reunir com deputados do PT e PSOL e se posicionar contra a privatização da estatal.

BNDES
O presidente do BNDES, Joaquim Levy pediu demissão do cargo em 16 de junho, um dia depois de Jair Bolsonaro dizer que sua cabeça estava “a prêmio”. O chefe do Executivo exigia que Levy demitisse Marcos Barbosa Pinto, indicado pouco antes à diretoria da área de Mercado de Capitais do banco de fomento.

Barbosa Pinto havia sido chefe de gabinete de Demian Fiocca, presidente do BNDES durante o governo Lula. O diretor entregou sua carta de renúncia em 15 de junho sob o argumento de que não queria continuar no posto diante do “descontentamento” do presidente da República.

De O Globo