Bolsonaro não é capaz sequer de organizar a bagunça do próprio gabinete

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O protagonismo político das igrejas evangélicas não deveria ser uma surpresa. Há alguns anos, sabe-se lá por que motivo, a Igreja Católica retirou os seus sacerdotes da política partidária. Concentrou-se no campo e assumiu um pobre “marxismo de paróquia”, de pequenos intelectuais com fé duvidosa. Reduziu a quase nada a sua atividade pastoral na área urbana, onde estão 85% da população, traindo a sua missão evangélica.

No bairro do Cambuci, na cidade de São Paulo,  a velha igreja do Carmo era o centro dinâmico da solidariedade local. Os fiéis se reuniam nos fins de semana para a prática religiosa seguida de longa e rica convivência.

Sob o comando do enérgico pároco, resolviam-se os problemas familiares; as grávidas recebiam um pequeno enxoval feito pelas outras senhoras; o desempregado arranjava emprego com a colaboração dos outros; o doente era ajudado e confortado, tudo como se fosse uma harmoniosa família cristã.

Hoje, está vazia. Felizmente, foi substituída por uma dezena de variados “templos evangélicos” onde, de modo diferente, constrói-se a mesma solidariedade. É certo que exigem o “dízimo” que os enriquece, mas o fato é que funciona!

Funciona tanto que seu crescimento político tem sido exponencial e transformaram-se em diversas organizações partidárias que, numa certa medida (e graças a Deus!), competem entre si pelo poder, o único desejo insaciável do homem.

Mas a diferença entre elas é adjetiva. Todas negam o conhecimento empírico e prendem-se a um dogmatismo metafísico moral e religioso. Num futuro próximo (duas ou três eleições), será difícil construir uma maioria estável no Congresso sem a adesão desses partidos.

O eleitorado evangélico, sob o comando inteligente do deputado federal paulista Marco Feliciano (Pode), adula habilmente Bolsonaro. Parece ter tocado no nervo exposto do presidente na questão religiosa que o prende a preconceitos identitários.

Estamos ameaçados por uma ideologia que sofre de hemiplegia mental: só é capaz de pensar um lado e é imune à acumulação gigantesca de evidências empíricas que a contrariam! Entretanto esse sofrimento é para 2022…

Hoje, o maior problema do presidente é sua incapacidade de organizar o seu gabinete civil: uma mixórdia de Casa Civil, Secretaria de Governo, Secretaria-Geral, assessoria ideológica e os filhos. Posto no liquidificador, isso só produziu “confusão e fofoca”…

É um erro organizacional que torna disfuncional o cérebro do governo. Apenas a nomeação de um ilustre general (mais um oficial superior da ativa!), o sr. Luiz Eduardo Ramos, mesmo evangélico, será incapaz de corrigi-lo.

Da FSP