Doria dá palanque e ‘infla” o marreco: “não desistiremos”, diz o ex-juiz político

Todos os posts, Últimas notícias

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, voltou a criticar os vazamentos de conversas entre ele e membros do MPF (Ministério Público Federal), publicadas pelo site The Intercept Brasil, e afirmou que, apesar de sofrer “ataques”, não irá desistir do combate à corrupção e ao crime organizado, o que disse ser sua “missão”. “Hoje mesmo peguei um avião de carreira e várias pessoas vieram me cumprimentar. A palavra que mais ouvi é: ‘não desista’. E posso assegurar que não iremos desistir”, afirmou o ministro durante uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.

Moro recebeu do governador João Doria (PSDB) a medalha Ordem do Ipiranga, principal honraria do governo de São Paulo. O ministro foi prestigiado com o grau de grã-cruz, o mais elevado da honraria.

Segundo o governador, Moro recebeu a medalha em homenagem a sua atuação, como ministro da Justiça, em uma operação que resultou na transferência de 22 chefes de uma facção criminosa de presídios paulistas para presídios federais. Doria não cita Bolsonaro.

O encontro de hoje ocorreu em um momento instável da relação entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro (PSL), de cujo governo Moro é o principal ministro. O presidente, que já manifestou interesse em se candidatar à reeleição, passou a tratar publicamente o governador como candidato ao Planalto, o que Doria nega. Na semana passada, após afirmar que há “99%” de chance de a etapa brasileira da Fórmula 1 ser transferida de São Paulo para o Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que Doria deveria se preocupar com o Brasil, e não apenas com o governo do estado, “já que ele é candidato” à presidência da República.

Pouco depois, Doria desmentiu o presidente e afirmou que não há definição sobre a ida da Fórmula 1 para o Rio em 2021. “Eu lamento frustrar o presidente, mas a decisão não está tomada”, disse. O episódio foi visto como um afastamento entre o pesselista e o tucano, que podem se tornar adversários nas eleições de 2022. Em 2018, Doria apoiou Bolsonaro na disputa pelo Planalto e adotou o termo “BolsoDoria” cunhado por apoiadores de ambos. Em sua fala no evento de hoje, Doria falou na importância da cooperação entre os governos estadual e federal para a área da segurança pública, mas não citou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro.

“Sonho em comum” de Doria e Moro Na cerimônia de hoje no Palácio dos Bandeirantes, Moro e Doria fizeram defesas efusivas da Lava Jato. O ministro afirmou que a operação foi uma vitória das instituições e da democracia brasileira e defendeu a continuidade das investigações. Disse ainda que os ataques à operação eram “inevitáveis”. “É inegável que com a Lava Jato, por mais que caibam pontuais críticas, houve mudanças na impunidade. Precisamos consolidar esses avanços”, disse. Doria, por sua vez, afirmou ter um “sonho em comum” com Moro: “ver um Brasil próspero, crescendo, e ser um orgulho para os brasileiros”, afirmou.

O tucano também fez críticas ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso no ano passado pela Lava Jato. Moro, que à época ainda era o juiz responsável pela operação, foi quem mandou prender o petista. “O Brasil precisa de mais Moros e menos Lulas, até porque essa não foi uma batalha pessoal. Se houve uma causa na prisão de Lula, ela foi uma causa da verdade contra a mentira. Venceu o Brasil, venceu ministro Sergio Moro”, afirmou o governador.

De Uol