Linha de frente de Jair Bolsonaro já acumula 24 demissões

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São pouco mais de 150 dias à frente da Presidência da República, mas o período já é suficiente para Jair Bolsonaro (PSL) ter demitido ou perdido 24 peças envolvendo o primeiro e o segundo escalão de seu governo.

Até aqui são três ministros demitidos, Gustavo Bebianno (Secretaria Geral da Presidência), Ricardo Vélez Rodríguez (Ministério da Educação) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), além de outros 21 componentes de cargos de segundo escalão, espalhados por diversos setores de governo.

O levantamento não leva em conta o general Floriano Peixoto, que na última semana deixou o posto na Secretaria Geral da Presidência para assumir os Correios.

Os principais nomes são Joaquim Levy, presidente do BNDES; general Juarez Aparecido de Paula Cunha (presidente dos Correios); general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas (presidente da Funai); Paulo Roberto Senise (presidente da Embratur); Alecxandro Carneiro e Mário Vilalva (ambos do cargo de presidente da Apex); e Maria Inês Fini, Marcus Vinícius Rodrigues e Elmer Vicenzi (todos do cargo de presidente do Inep, em períodos distintos).

É importante ressaltar, que alguns dos nomes vieram como herança do governo de Michel Temer (MDB) e com pouco tempo da atual gestão foram trocados.

Pelo menos quando se fala em ministérios, Bolsonaro está dentro da média de seus antecessores, já que, ao fim de seu primeiro ano de governo, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) já havia perdido sete ministros. Na época, escândalos por corrupção motivaram as quedas. Também por diversas suspeitas de problemas de ordem legal, Michel Temer acabou perdendo cinco ministros, além do chefe da Advocacia Geral da União, em cerca de seis meses à frente do cargo. Já no atual governo, as baixas são motivadas por crises internas, como disputas ideológicas ou rusgas com o filho do presidente, Carlos Bolsonaro.

A reportagem de O TEMPO conversou com dois especialistas – um cientista político e um economista –, para avaliarem os motivos e efeitos dessas mudanças no governo.

Adriano Cerqueira, cientista político e professor do Ibmec e da Ufop, acredita que a forma de Bolsonaro governar é diferente das anteriores, e que por isso gera mais atritos.

“Antigamente se montava o governo durante o processo eleitoral, fazia coligações, montava a base, distribuía os cargos entre os partidos de apoio. Só que o Bolsonaro já começou enxugando ministérios. Pode ser que esse estilo funcione, mas é um governo mais nervoso, que dá muita derrapada, faz muito barulho. Antes se falava por meio da imprensa e de porta-vozes e hoje a ligação é direta com as redes sociais, e isso gera mal-entendido, expõe mais. Com isso, acredito que muita gente vai ficar insatisfeita com essa forma de atuação”, explicou.

Já o doutor em Economia e professor do Ibmec, Christiano Faria, vê com temeridade as constantes trocas. “Uma coisa de extrema importância em economia é previsibilidade, você sinalizar o que vai fazer e qual critério para aquela ação. Mas o que percebemos com essas trocas é que não há muita previsibilidade. Por exemplo, o (Joaquim) Levy, que conta com a equipe técnica, sofre uma ingerência do presidente e isso acaba gerando insegurança no mercado, porque tem trocas acontecendo a todo tempo, sem explicação técnica muito óbvia”, pontuou.

De O Tempo