“Pavão Misterioso” foi inventado pela fábrica de fake news bolsonarista

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A sombra de um animal vaidoso ronda a República. A chamada ala ideológica (de um governo eleito para combater a ideologia), a mesma que fritou o general Santos Cruz, costuma, às escondidas, chamar o vice-presidente Hamilton Mourão de… pavão. (Já para os jornalistas que cobrem o Planalto, Mourão é o Mozão.)

Daí que certos parlamentares, a quem jamais imaginaríamos abrindo um livro na vida, passaram a citar em suas redes sociais um poemeto de Vinicius transformado em música infantil: “O peru foi a passeio/ Pensando que era pavão/ Tico-tico riu-se tanto/ Que morreu de congestão”.

Coincidência ou não, a fábrica de fake news que desde a eleição se movimenta em defesa de Bolsonaro inventou um hacker chamado Pavão Misterioso. Segundo ele, uma turma da pesada, remanescente da antiga URSS, estaria financiando o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, para desestabilizar a segurança nacional. Em poucas horas deste domingo (16), o perfil somou mais de 20 mil seguidores, ocupou os trending topics mundial e nacional, teve o conteúdo compartilhado nas mídias bolsonaristas e, assim como havia sido criado, num passe de mágica deixou de existir.

Ora, “Pavão Misterioso” é um romance de cordel clássico, que relata a história de amor entre João Evangelista e a condessa Creuza. Inspirou uma canção de Ednardo, enorme sucesso em 1976.

De resto, Pavão bom era o do Flamengo, imortalizado, com Rubens e Dequinha, no “Samba Rubro-Negro”, de Wilson Baptista. Não por último, Pavão maravilhoso é o Azul, que desde os tempos do cronista Antonio Maria encanta a boemia de Copacabana. Sempre lotado, é quase impossível conseguir uma mesa para comer a patanisca de bacalhau. Fica na rua Hilário de Gouveia, em frente à 12ª DP. Com sorte e alguns chopes a mais, esbarra-se no delegado Espinosa, a criação literária de Luiz Alfredo Garcia-Roza.

Da FSP