Seis ex-assessores de Flávio investigados pelo MP nunca tiveram crachá na Alerj

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Pelo menos seis funcionários do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) nunca tiveram crachá nos anos em que ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Todos eles são investigados pelo Ministério Público do Rio no caso da “rachadinha” e também tiveram o sigilo fiscal e bancário quebrado por decisão do TJ do Rio.

No último domingo, o GLOBO mostrou a situação da professora Maria José de Siqueira e Silva e do vendedor José Procópio Valle, respectivamente, tia e pai de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Valle ficou lotado cinco anos lotado no gabinete de Flávio e Maria José, nove. Ambos nunca tiveram a identificação como funcionários. Flávio chegou a ter nove parentes da ex-madrasta no gabinete da Alerj.

Além dos dois, outras três assessoras citadas no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por repasses a Fabrício Queiroz também nunca tiveram crachá: Nathália Melo de Queiroz, Márcia de Oliveira Aguiar – respectivamente, filha e mulher de Queiroz- e Luiza Souza Paes.

Nathália e Márcia foram lotadas no gabinete em 2007. A filha de Queiroz – que trabalhava como personal trainner no período – chegou a ter um salário de R$ 9.835,63 até sair do gabinete em 2016. Já a mulher que declarou-se “cabeleireira” obteve vencimentos de R$ 9.835,63 até 2017, quando foi exonerada. Luiza foi vizinha de Queiroz quando ele morou no bairro de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio. Ela foi lotada no gabinete de agosto de 2011 a abril de 2012. Depois aparecia lotada na TV Alerj. As informações foram reveladas pela revista Época, no começo de maio.

Junto ao grupo de quem nunca teve crachá está ainda Danielle Mendonça da Nóbrega, mulher do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe de milícia que está foragido da polícia após um mandado de prisão devido à investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco, no ano passado. Danielle ficou lotada por mais de uma década no gabinete de Flávio. De acordo com informações da Alerj, Danielle foi nomeada oficialmente em 6 de setembro de 2007. Ficou lá até até 13 de novembro do ano passado, quando foi exonerada a pedido. O salário dela era de R$ 6.490,35.
Outros três ex-assessores tiveram crachá apenas no último ano em que constaram como funcionários. Eles também são investigados pelo MP e tiveram sigilo fiscal e bancário quebrado. Andrea Siqueira Valle e Francisco Diniz, respectivamente, irmã e primo de Ana Cristina Valle, constaram como funcionários por mais de uma década e só há registro de crachá para o ano de 2017. Diniz é o que ficou mais tempo lotado, um total de 14 anos – de 2003 a 2017. Durante esse tempo, ele cursou a faculdade de veterinária, em período integral, em Barra Mansa, também no Sul do estado. Teve salário bruto de até R$ 7.326,64, com direito ainda a auxílio-educação de R$ 1.052,34.

Andrea foi lotada entre 2008 e 2018 e só teve crachá pedido no penúltimo ano em que constou entre os funcionários do gabinete. Ela chegou a ter um salário bruto de R$ 7.326,64, além de receber um auxílio educação de R$ 1.193,36.

Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, ocupou cargos na Assembleia ao menos desde 2 de março de 2015, quando foi nomeada como assessora da liderança do PP – então partido de Flávio Bolsonaro. A mãe de Adriano permaneceu no cargo até 31 de março de 2016, pouco depois do senador eleito deixar o PP e se filiar ao PSC. No dia 29 de junho do mesmo ano, voltou a trabalhar na Alerj, dessa vez no gabinete de Flávio. Ela também só teve pedido de crachá a partir de 2017 e teve salário de R$ 6.490,35. A ex-assessora, de 68 anos, é citada no relatório do Coaf por repassar R$ 4,6 mil para a conta de Queiroz.

De O Globo