Telegram: conversas podem estar preservadas se Dallagnol não apagou mensagens

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O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou nesta quarta-feira, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que o aplicativo Telegram não possui mais em seus servidores as suas mensagens, porque elas foram deletadas de seu aparelho. A política de privacidade do aplicativo, contudo, informa que as mensagens só são excluídas dos servidores caso o interlocutor da pessoa – nesse caso o procurador da República Deltan Dallagnol – também delete as mensagens.

Moro foi questionado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) se autorizaria o Telegram a divulgar suas mensagens, mas respondeu que elas não existem mais. Angelo Coronel insistiu que os textos continuam na “nuvem”, mas o ministro negou e sugeriu que o senador estava mal informado. Moro afirmou que não usa o aplicativo desde 2017, mas não deixou claro se deletou as suas conversas antes de parar de usá-lo.

— No caso do Telegram, como já falei, essas mensagens não existem mais. Eu saí do aplicativo. O hacker tentou roubar. Ele entrou lá no meu Telegram. Se houvesse alguma coisa, se tivesse recuperado uma coisa, especialmente alguma coisa ilícita, eu tenho certeza de que ele já teria divulgado. Então, esse material simplesmente não existe — disse Moro.

— Nos servidores do Telegram, que ficam na Rússia, eles ficam com as mensagens arquivadas de todo mundo, todo cidadão que participa do Telegram. Eu não quero o celular do ministro Moro, eu quero o conteúdo das mensagens, que está arquivado na Rússia — retrucou Angelo Coronel.

“Deletar uma mensagem vai deletá-la do seu histórico de mensagens. Isso significa que a cópia vai continuar no servidor como parte do histórico de mensagens do seu interlocutor. Assim que seu interlocutor deletá-la também, ela se foi para sempre”, informa a política de privacidade do Telegram, disponível no site oficial do aplicativo. De acordo com o texto, isso não se aplica aos chamados “chats secretos”, onde as mensagens são deletadas nos dois lados ao mesmo tempo.

Angelo Coronel também perguntou, duas vezes, se Moro recomendaria ao procurador Deltan Dallagnol entregar as mensagens trocadas com ele, mas o ministro não respondeu. Depois, Humberto Costa (PT-PE) reforçou a pergunta, mas o ministro também não respondeu.

Ao contrário de outros aplicativos, como o WhatsApp, o Telegram guarda as mensagens na “nuvem”. Isso significa que é possível acessá-las, por exemplo, de um computador, mesmo que o celular não tenha acesso a internet.

De O Globo