Ana Branco / Agência O Globo

“Bretas faz política partidária”, diz presidente da OAB

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O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, classificou como “vedetismo judicial” as declarações do juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, publicadas em entrevista à revista ÉPOCA.

“É um deslumbramento, uma exposição pública, de ginástica, corrida, jogos de futebol, mensagens religiosas. É o ativismo elevado à décima potência pelo doutor Marcelo Bretas”, disse Santa Cruz, que questionou o propósito do magistrado.
“O que ele faz é política partidária”.

O presidente da OAB também criticou a postura de Bretas que reconheceu falha na Operação Lava Jato por não ter apresentado denúncias relacionadas ao Judiciário e ao Ministério Público.

“O que me preocupa é essa transmutação, essa mudança do papel do juiz no ativismo e no vedetismo, numa espécie de pessoa pública que pode falar de tudo e de todos, sem prova, fora dos autos, atacando ministros do Supremo, a reputação de instâncias superiores do Judiciário. O doutor Marcelo Bretas é uma vedete, não um juiz”.

De acordo com o presidente da OAB, a promoção dos juízes nas redes sociais se tornou um jogo de vaidade e de popularidade. “A Lava Jato do Rio tem inovado porque ela é quase um partido político”, afirmou.

Em entrevista à ÉPOCA, Bretas relacionou sua exposição em redes sociais como um momento especial, de superação de um quadro depressivo: “Não tem nada a ver com deslumbramento”.

“Juiz não é liderança política, não é comentarista. Juiz fala nos autos, tem que ser imparcial. É gravíssimo que a gente crie um modelo em que os juízes sejam justiceiros”, afirmou Santa Cruz.

O presidente da OAB lembrou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já discute uma limitação ao uso das redes pelos magistrados.

Santa Cruz também fez duras críticas ao comentário de Bretas sobre a possibilidade de futura nomeação ao STF e por ele não rechaçar de forma contundente a hipótese de ingressar na política. “Quando ele reconhece que pode ser um quadro político, faria por bem à própria Lava Jato que se afastasse dela”, disse.

O magistrado relatou à ÉPOCA que não é seu projeto de vida, mas que sabe que “ser ministro do Supremo é uma promoção ao topo da carreira. É o auge, o topo, uma honra”. Sobre entrar na política, Bretas titubeou: “Olha… garantir que nunca vou entrar na política… Estou com 49 anos… É… Não consigo imaginar, não”.

De Época