Lava Jato nega uso de dinheiro público em vídeo de Dallagnol

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Foto: Reprodução twitter

Nova leva de mensagens divulgadas hoje pelo site The Intercept Brasil, desta vez em parceria com o blogueiro Reinaldo Azevedo, do UOL, mostra o procurador Deltan Dallagnol pedindo, em 16 de janeiro de 2016, dinheiro da 13ª Vara Federal para fazer um vídeo defendendo o chamado “pacote de dez medidas contra a corrupção”.

O vídeo foi ao ar: em 1º de abril de 2016, uma peça com o mesmo roteiro obtido pelo the Intercept e publicado por Reinaldo hoje, foi veiculada no Youtube no canal da TV ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Deltan havia enviado o roteiro para avaliação de Sergio Moro, então juiz federal alocado na 13ª Vara, de acordo com a troca de mensagens.

O vídeo também foi citado no site da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho em nota de 13 de abril de 2016, como parte de campanha pela aprovação das dez medidas.

Lava Jato diz que não houve dinheiro da 13ª Vara

Em nota enviada ao UOL hoje, a força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba afirma que “nunca houve qualquer tipo de direcionamento de recursos da 13ª Vara Federal para campanha publicitária”.

A nota da Lava Jato em Curitiba também diz que foi “divulgado como verdadeiro fato que jamais ocorreu”, em referência à suposta conivência de Moro com relação ao uso da verba para o vídeo.

Nas conversas, Moro responde que “acha possível” fazer o repasse, diz que vai ver “na terça” e que responderia. Não fica claro, na sequência, se houve a transferência.

A operação também afirma que “não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas. O material é oriundo de crime cibernético e não pode ter seu contexto e veracidade confirmados”.

Desde o início da publicação das mensagens pelo the Intercept Brasil, em 9 de junho, Moro e Lava Jato dizem que algumas conversas podem ter existido, mas não reconhecem a legitimidade de todas as mensagens – sem no entanto apontar quais teriam sido adulteradas.

Repórteres da Folha de S.Paulo que tiveram acesso ao material encontraram mensagens que enviaram a integrantes da Lava Jato dentre as conversas obtidas pelo Intercept. O site, por sua vez, não diz quem enviou os arquivos, que teriam sido trocados por meio do Telegram – aplicativo similar ao Whatsapp.

Se confirmadas, as mensagens sugerem que Moro não se ateve ao papel de julgar processos da Lava Jato quando era juiz. Ele teria influenciado os rumos da investigação, o que é proibido pela Constituição.

Do UOL