Moro, aguente o tranco ou peça para ir embora
Bons tempos para Sérgio Moro quando ele ainda era juiz, e por comandar a Lava Jato, faturava como ninguém os prodígios do combate à corrupção e era uma unanimidade nacional.
Os jornalistas mendigavam sua atenção. Seus patrões o mimavam com prêmios. Os militares o festejavam com as condecorações possíveis. Era Moro acima de tudo, só abaixo de Deus.
Bastou que se tornasse alvo de denúncias para que, de aliado incondicional da imprensa, admirador da sua busca pela verdade, ele se tornasse um crítico azedo da liberdade de informação.
Embora de licença do cargo, em viagem de descanso para os Estados Unidos onde se sente em casa e protegido, Moro deu-se ao trabalho de ir ao Twitter escrever:
“Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa campanha contra a Lava Jato e a favor da corrupção está beirando ao ridículo”.
Moro acusou a imprensa de estar em campanha contra a Lava Jato e de ser a favor da corrupção! Mudou o Natal, mudou ele depois que virou ministro de Bolsonaro ou foi a imprensa que mudou?
Apontar eventuais erros cometidos por Moro e procuradores da República na condução da Lava está longe de significar que a imprensa passou para o lado dos corruptos.
Não conheço um único texto de jornal, uma única fala de jornalista no rádio e na televisão que faça a defesa da corrupção. Ou que ignore os retumbantes êxitos da Lava Jato.
Moro quer jogar seus devotos contra a imprensa. E quer enrolar-se na bandeira da Lava Jato para escapar de críticas. É assim que procedem homens públicos em desespero aqui e em toda parte.
Foi um mau negócio o que fez Moro ao trocar a toga pelo terno bem comportado de ministro de quem se elegeu presidente da República surfando nos seus méritos. Aguente o tranco ou peça para sair.
Da Veja