Moro diz que The Intercept tentou virar “mártir da imprensa”

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O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) voltou a atacar o site The Intercept Brasil e disse hoje ter a “impressão” que os autores das reportagens sobre conversas vazadas da Lava Jato tentaram forçar a expedição de um mandado de busca e apreensão.

Em audiência na Câmara dos Deputados, o ex-juiz federal justificou o raciocínio com a tese de que o site buscaria se colocar na mídia como uma “vítima” ou “mártir da imprensa”.

“Esse mesmo site, no dia 13 de junho, divulgou mensagens sem qualquer espécie de consulta prévia, um expediente em jornalismo um tanto quanto reprovável. Fiquei com a impressão que o site queria que fosse ordenada uma busca e apreensão, talvez por aparentar uma espécie de vítima, um mártir da imprensa ou coisa parecida.”

Moro é ouvido nesta tarde na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Essa é a segunda vez que ele vai ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre o episódio dos diálogos entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. As mensagens indicam que o ex-magistrado pode ter agido com parcialidade na condução de ações penais.

O ministro abriu o depoimento por volta das 14h20. Inicialmente, ele teve 20 minutos para falar livremente e, ao fim desse prazo, começou a responder aos questionamentos dos deputados. Até 14h, mais de 90 parlamentares haviam feito inscrição, o que indica que a reunião deve ir até tarde.

Em audiência no Senado, em 19 de junho, os trabalhos duraram cerca de nove horas.

Moro iniciou a exposição com os mesmos argumentos que já havia apresentado aos senadores –chegou a pedir “escusas” caso parecesse “repetitivo”. “Os esclarecimentos são um tanto similares porque não houve novidades significativas desde então”, afirmou.

O ex-magistrado voltou a questionar a autenticidade das mensagens obtidas e publicadas pelo site The Intercept Brasil, a quem acusou novamente de “sensacionalismo”. Também utilizou termos idênticos ao que havia usado no Senado, negando a existência de um “conluio” com o Ministério Público. Pelo contrário, segundo o depoente, ocorreram muitas “divergências” e eventualmente algumas “convergências”.

Para embasar o seu raciocínio, Moro citou mais uma vez os números da Lava Jato: das 45 ações penais sentenciadas, o Ministério Público Federal recorreu em 44 processos. Dos 291 acusados, disse o ministro, 211 foram condenados e 63, absolvidos.

“Na minha opinião, e aqui é uma opinião informal, é que alguém com muitos recursos está por trás dessas invasões e o objetivo principal seria invalidar condenações da Lava Jato e impedir novas investigações”, declarou. “O que existe é uma tentativa criminosa de invalidar condenações”, explicou Moro, repetindo alegação feita desde o vazamento das mensagens em 9 de junho.

Depois de atacar o site The Intercept Brasil, Moro buscou demonstrar confiança e disse entender que, “paulatinamente”, “as coisas estão entrando no devido lugar”.

“O que observei é que essas mensagens, quando foram divulgadas, foram com grande sensacionalismo e deturpação de sentido delas por esse site. Alguns outros veículos de comunicação embarcaram nesse sensacionalismo e me parece que as coisas estão sendo colocadas no devido lugar.”

Na semana passada, uma nota publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo afirmava que, de acordo com integrantes da inteligência do governo, o “arsenal” do Intercept contra Moro já havia se “esgotado”. A reportagem dizia ainda que os próximos capítulos do episódio estariam centrados em Deltan Dallagnol e outros procuradores, e não no ex-juiz.

No último domingo, manifestações pelo Brasil mostraram apoio ao ministro da Justiça, que agradeceu pelo Twitter. “Eu vejo, eu ouço, eu agradeço. Sempre agi com correção como juiz e agora como Ministro. Aceitei o convite para o MJSP para consolidar os avanços anticorrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. Essa é a missão. Muito a fazer”, postou Moro.

Do UOL