Para ex-relator da Comissão da Verdade, Bolsonaro ignora provas

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Foto: José Cruz / Agência Brasil

O advogado Pedro Dallari, ex-relator da Comissão Nacional da Verdade, classificou como “melancólicas” as declarações do presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (30), que questionam a isenção do trabalho realizado pelo grupo destacado para investigar as mortes e desaparecimentos durante o regime militar.

“O presidente simplesmente ignora os fatos ao questionar o trabalho da Comissão. São declarações melancólicas que expressam desconhecimento sobre o assunto”, disse Dallari, que é professor titular de Direito Internacional do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Entre novembro de 2013 e dezembro de 2014, ele foi coordenador e responsável pelo relatório final da Comissão da Verdade.

Dallari critica o que considera uma tentativa do presidente de associar o trabalho realizado a uma ideologia partidária.

“A comissão foi criada em 2011 por lei federal, aprovada pelo Congresso Nacional e instalada em maio de 2012. Não foi iniciativa de um presidente”, afirmou Dallari.

O advogado ressaltou ainda que uma parcela considerável dos casos analisados está fundamentada em documentos das próprias Forças Armadas.

“A análise da Comissão não resultou de avaliação política ou ideológica. Para cada caso, nós listamos os documentos que serviram como fonte da investigação. E, com muita frequência, esta reconstituição de cada história era feita a partir de documentos das Forças Armadas, de processos das auditorias militares”, acrescentou Dallari.

De O Globo