Tabata defende R$ 23 mil pagos a namorado: “gratidão”

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Foto: Reprodução Instagram

 

A deputada federal Tabata Amaral (PDT) defendeu nesta quarta-feira a decisão de pagar R$ 23 mil ao próprio namorado, Daniel Alejandro Martínez Garcia, durante as eleições do ano passado. No último sábado, as revistas “Veja” e “Exame” destacaram que o colombiano recebeu da campanha por serviços de análise estratégica para a candidatura, de agosto a outubro. A então candidata arrecadara R$ 100 mil do fundo eleitoral público por meio de repasses da executiva nacional do PDT.

O pagamento foi registrado na prestação de contas da candidata, que conheceu o namorado na Universidade de Harvard, na qual se formaram. Eles começaram a namorar em 2016. Pelo Twitter, Tabata relatou como foi difícil encontrar pessoas que aceitassem interromper suas carreiras por meses para colocar em marcha uma campanha eleitoral “saindo do zero” — algo que ela classificou como “pouco palpável e possível”.

“O Daniel disse não a diversas oportunidades de emprego e postergou projetos profissionais, por vários meses, para poder trabalhar na minha campanha”, destacou a parlamentar. “Quando decidi me candidatar, no início, pude contar com menos de 10 pessoas, e o Daniel foi uma delas”.

Com a notícia do pagamento ao namorado, Tabata foi criticada de ter supostamente se rendido a uma prática da chamada “velha política”, o que contrastaria com a sua plataforma de renovação do Congresso. O pagamento a Martínez Garcia foi o quarto maior da campanha a pessoas físicas na eleição e não configura irregularidade.

Segundo a deputada, Martínez Garcia fez pesquisas, conversou com especialistas de educação e pobreza e “teve papel muito importante” na construção de um documento com propostas para áreas como educação e moradia. O colombiano ainda teria levantado dados para participações de Tabata em debates e eventos e traçado estratégias para um banco de contatos de voluntários de campanha.

“Também desenhou um banco de dados com critérios para escolha dos bairros e locais que seriam prioritários na campanha de rua, além de ser responsável pela equipe que cuidava da mobilização de voluntários”, acrescentou ela, no Twitter. “Além de todos os documentos que ele gerou, são centenas de voluntários que ele coordenou e que até hoje têm seu número pessoal”.

De acordo com a deputada, mais de 400 pessoas doaram à campanha e outras milhares se voluntariaram a trabalhar por sua eleição à Câmara — muitos dos quais, segundo ela, não chegou a conhecer. Tabata escreveu ter orgulho do que o grupo construiu e reafirmou sentir “gratidão” por Martínez Garcia e toda a sua equipe.

“Reafirmo minha gratidão ao Daniel e a toda a equipe que esteve ao meu lado durante a campanha, que abriram mão de muitas coisas por acreditarem em um sonho coletivo e que sabem o quanto foi difícil e suada a nossa eleição, resultado de uma construção feita a muitas mãos”, destacou ela.

Processo no PDT

Há uma semana, Tabata Amaral teve as atividades partidárias suspensas por decisão do PDT. Ela e outros sete parlamentares do partido contrariaram a orientação partidária e votaram a favor da reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro.

Antes da votação, a pedetista publicou vídeo no Twitter no qual justificava a sua escolha de voto e argumentava tê-la tomado “por convicção”. A sigla abriu processo interno na Comissão de Ética. Caberá ao diretório nacional decidir se adverte, suspende ou expulsa os deputados “infiéis”.

Segundo o presidente do partido, Carlos Lupi, não será mais permitida a filiação de integrantes que participem de organizações com financiamento privado — ou “financiamento clandestino”, nas palavras dele. A medida é uma resposta à deputada Tabata, que fundou um movimento de renovação política chamado Acredito.

Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo”, Tabata Amaral afirmou que sofre “perseguição política” em função de seu posicionamento e apelou por maior democracia interna nos partidos políticos.

A coluna de Lauro Jardim revelou que Lupi e Tabata não trocaram uma palavra sequer desde a votação da reforma da Previdência na Câmara. “Acabou”, disse ele.

Diante da crise, Cidadania, PSDB e até PSL entraram na briga para ter Tabata Amaral em seus quadros.

De O Globo