Dino aconselhou Bolsonaro: “Não é momento de rasgar dinheiro”

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Foto: Folhapress

Após grande repercussão negativa na imprensa nacional e internacional, o Palácio do Planalto finalmente decidiu aceitar ajuda financeira do G7 para auxílio no combate às queimadas na Amazônia.

O presidente Jair Bolsonaro vinha declinando em receber a doação de U$$ 20 milhões dos países europeus, mas sinalizou mudança de diretriz após reverberar declaração do governador do Maranhão, Flávio Dino, que nesta terça-feira, 27, durante reunião dos nove governadores da Amazônia Legal com o presidente, ponderou que esse “não é o momento de rasgar dinheiro”.

Após trocar farpas com o presidente francês Emmanuel Macron, Bolsonaro e sua equipe alegavam que não aceitariam a oferta do G7 e que os recursos deveriam ser usados para “reflorestar a Europa”, apesar de o próprio presidente ter afirmado dias atrás que o Brasil não tinha recursos necessários para combater incêndios na floresta.

Chama atenção que foi necessária a fala de um político filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para que Bolsonaro repensasse a postura autoritária. Isso porque o ex-capitão é crítico irrestrito da ideologia “esquerdista” – aquela que supostamente visa retirar de forma abrupta o sistema capitalista do país.

Apesar de comunista, quando foi eleito pela primeira vez em 2014, Flávio Dino prometeu uma “revolução burguesa no Maranhão”. E assim tem feito. O governador maranhense aposta em investimentos públicos para modernizar o Estado e vem celebrando parcerias internacionais para industrialização e até para a construção de um novo porto no Maranhão.

Aberto ao capitalismo, Flávio Dino tem aproveitado as alianças com o setor privado para investir em programas sociais, uma das marcas dos governos de esquerda. Um dos últimos acenos de Dino ao livre mercado foi a criação da empresa Maranhão Parcerias (Mapa), que tem como grande finalidade gerir as parcerias público-privadas.

Defensor do amplo diálogo na política, recentemente Dino foi vítima de retaliação de Jair Bolsonaro, que em áudio vazado disse ao ministro Onyx Lorenzony que “dos governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada para esse cara”.

Com a política é um mundo que dá voltas, Bolsonaro teve que ouvir da sobriedade de Flávio Dino, seu rival nordestino e comunista cristão, um dos conselhos mais sensatos para tentar salvar o Brasil de uma crise ambiental e diplomática: é preciso um “meio-termo” para equilibrar a “necessidade da cooperação internacional com a defesa da soberania nacional”.