Grupos de direita disseminam mais fake news, mostra estudo

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Foto: Reuters

Estudo recém-publicado do departamento de ciência da computação da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, indica que os grupos de WhatsApp de direita no Brasil são mais numerosos, mais distribuídos geograficamente e compartilham muito mais conteúdo multimídia e vídeos do YouTube do que os grupos de esquerda.

O estudo acompanhou 232 grupos públicos, aqueles que podem ser acessados por meio de links ou convites abertos, sendo 175 de direita e 57 de esquerda. De 1º de setembro a 1º de novembro de 2018, foram coletados 2,8 milhões de mensagens de mais 45 mil usuários.

O levantamento detectou uma presença mais significativa de grupos de direita, em parte por causa da maior facilidade de encontrar convites para esses grupos.

Uma das maiores diferenças entre os grupos de orientação ideológica oposta é que os de direita compartilhavam muito mais conteúdo multimídia, como fotos, áudios e arquivos de vídeo. Nos grupos de direita, 46,55% dos usuários encaminhavam esse tipo de mensagem, sendo que nos de esquerda eram apenas 30,09%.

Nos grupos de direita, 56,31% dos usuários postavam links de vídeos do YouTube, diante de 44,22% dos participantes de grupos de esquerda. Já o compartilhamento de conteúdo do Facebook era mais alto entre grupos de esquerda (20,01%) do que de direita (10,81%).

Segundo o doutorando em inteligência artificial Victor Bursztyn, um dos autores do estudo, o conteúdo mais compartilhado era o que mostrava uma urna fraudada. O material, falso, era divulgado nos grupos de direita.

O levantamento mostra que as notícias mais compartilhadas por grupos de WhatsApp brasileiros durante a campanha eleitoral de 2018vinham de sites que disseminam fake news. Entre as principais fontes estavam o Jornal da Cidade Online e PlantãoBrasil.net, denunciados por várias agências de checagem.

Entre outros sites com grande compartilhamento nos grupos de direita estão O Antagonista, R7, Conexão Política, TopBuzz, IstoÉ, InfoMoney, Gazeta do Povo, peticaopublica.com.br, República de Curitiba, Veja, RenovaMídia e O Estado de S. Paulo.

Já nos grupos de esquerda, os mais compartilhados eram SputnikNews, Brasil 247, El País, Revista Fórum, Diário do Centro do Mundo, Conversa Afiada, Rede Brasil Atual, Carta Capital, O Globo, Valor, Congresso em Foco, Último Segundo, Brasil de Fato, Gazeta Online, Esmael Morais, UOL, Exame e Folha.

Nos grupos de direita também havia uma conectividade maior dos usuários, ou seja, muitos deles participavam de mais de um grupo.

No levantamento, foi detectada uma super-representação de números de telefone de Brasília e números internacionais, o que, segundo os pesquisadores, pode apontar para uso de automação ou bots (robôs).

Os pesquisadores continuam monitorando grupos e descobriram que eles mantêm a comunicação quase no mesmo ritmo da campanha eleitoral.

No Brasil, há cerca de 130 milhões de usuários de WhatsApp, em uma população de 209 milhões. Como comparação, a Índia tem cerca de 400 milhões de usuários em uma população de 1,3 bilhão.

“O uso no Brasil é onipresente. Precisamos nos preparar para as próximas eleições, saber como as autoridades vão agir”, diz Bursztyn.

ENTENDA O ESTUDO

Amostra  232 grupos públicos, sendo 175 de direita e 57 de esquerda

2,8 milhões de mensagens de mais 45 mil usuários foram coletados de 1º.set a 1º.nov de 2018

Conclusão 46,55% dos usuários dos grupos de direita compartilhavam conteúdo multimídia (fotos, áudios e vídeos)

30,09% dos usuários dos grupos de esquerda compartilhavam esse tipo de mensagem

Da FSP