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INPE alertou em julho sobre aumento do fogo na Amazônia

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Relatório produzido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em julho já alertava que o mês de agosto “certamente” teria mais incêndios no país, na comparação com agosto do ano passado.

O alerta foi feito no documento com o balanço das queimadas registradas em julho. Segundo o boletim, a previsão trimestral, para o período de agosto a outubro, indicava “tendência de estiagem mais severa na Amazônia Central.”

“Considerando estas previsões e que julho de 2019 foi mais seco que a média, a tendência esperada dos focos de queimadas no Brasil para o mês de agosto é de dentro a acima da média em relação à climatologia (47 mil focos) e certamente superior aos focos detectados em 2018, que foi um ano relativamente úmido”, aponta o documento, produzido pelo Programa de Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais. Uma das funções do programa é fornecer “previsão de risco de fogo.”

Focos de incêndio

Em agosto, até o dia 24, foram registrados 78.383 mil focos de incêndio no país, 84% a mais que no mesmo período de 2018 (42.546). Somente na Amazônia, foram 41.332 focos. Esse número representa 52% dos focos totais, o maior percentual já registrado para o bioma desde o início das medições do Inpe, em 2003.

O boletim do Inpe traz ainda o “mapa de anomalia” do mês de julho, que avalia desvios do padrão, sejam altas ou baixas, no número de focos de incêndio em relação à média do monitoramento. Em julho, ele apontou aumento significativos em três pontos: ao longo da BR-230, no sul do Amazonas, na Ilha do Bananal, no oeste do Tocantins, e na região de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

No total, julho teve 13.394 focos de queimadas na vegetação no país todo. O destaque negativo foi o município de Apuí, no sul do Amazonas, com 667 focos.

Em entrevista ao UOL, Waldez Goés (PDT), governador do Amapá e presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, afirmou que o governo federal desmobilizou, em 2018, as brigadas de combate a incêndios que todos os estados da Amazônia Legal mantinham. Isso teria deixado os estados sem possibilidade de resposta rápida ao problema das queimadas.

Influência do El Niño

O meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite), afirmou que a região Amazônica ainda está sofrendo, neste mês, com o fim do El Niño.

O El Niño é um fenômeno climático cíclico que se caracteriza pelo aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico.

“A Amazônia está sob influência de um El Niño fraco. Embora o oceano Pacífico já esteja neutro, a atmosfera ainda está se desconectando do fenômeno. Isso tem influenciado um pouco nessa secura, mas esse fenômeno, por si só, não justifica o aumento no número de queimadas”, disse.

Barbosa foi o primeiro cientista brasileiro a chefiar um capítulo de relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), vinculado à ONU (Organização das Nações Unidas), alertando que o uso do solo estaria causando degradação ambiental e sendo responsável por intensificar ainda mais o aquecimento global.

“Desmatamento e queimadas sempre andam juntos. E quando ocorre a intensificação no uso do solo, há uma mudança na cobertura do solo, que deixa a floresta fragmentada. Quanto mais intacta a floresta, menos queimadas”, explicou.

De UOL