Kirchner no poder afastará Argentina do Brasil

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Imagem: Cézaro de Luca/Efe

Argentina começa a semana em renovado clima de tensão política e econômica depois de o atual presidente, Mauricio Macri, ter sofrido uma estrondosa derrota nas primárias realizadas neste domingo (11).

Os eleitores foram às urnas, em votação obrigatória, escolher os cabeças de chapa para o pleito de 27 de outubro — mas, como os nomes já estavam definidos, tratou-se, na prática, de uma enorme pesquisa eleitoral a dois meses das eleições.

Alberto Fernández, da Frente de Todos, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice, obteve 47% do votos, uma vantagem de quase 15 pontos percentuais para Macri, da coalizão Juntos pela Mudança, que tinha 32% com 80% das urnas apuradas.

O presidente argentino tem o apoio de influentes políticos de direita, como do americano Donald Trump e do brasileiro Jair Bolsonaro, mas sofre com as reiteradas dificuldades econômicas do país.

A economia do país encolheu 2,5% em 2018 e deve recuar mais 1,5% este ano, com a inflação na casa dos 40%. Ciente de que suas medidas liberais não alcançaram os resultados econômicos desejados, Macri anunciou como vice de sua chapa o senador Miguel Ángel Pichetto, ex-aliado de Kirchner e um dos principais nomes do peronismo, em junho.

O resultado das urnas tende a levar instabilidade para os mercados. Macri é um aliado essencial do Brasil nas negociações para um acordo entre Mercosul e União Europeia, além de a Argentina ser historicamente um grande mercado comprador de produtos brasileiros — foram 15 bilhões de dólares em 2018. Num cenário de guerra comercial global, seria péssimo para o governo Bolsonaro ter um governo kirchnerista no poder.