Daniel Marenco / Agência O Globo

Bolsonaro omitiu encontro com advogado de Flávio

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Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), esteve neste sábado com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Ele atua na defesa do filho mais velho do presidente na investigação do Ministério Público do Rio que apura suspeita da prática ilegal de “rachadinha” — como é conhecida a devolução de parte dos salários dos funcionários — no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Wassef chegou por volta no meio dia e ficou cerca de três horas na residência oficial. Mais cedo, a agenda oficial divulgada pelo Planalto mostrava apenas reuniões de Bolsonaro com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) , presidente da Câmara dos Deputados, e com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O advogado não constava entre os compromissos. Procurado, Wassef disse ao GLOBO que não iria comentar o assunto tratado na reunião.

Nos últimos dias, o advogado fez outra reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar suspender atos da investigação contra Flávio sobre peculato e lavagem de dinheiro. A reclamação foi sorteada para o ministro Gilmar Mendes.

Wassef alegou que um habeas corpus que a defesa propôs continuou tramitando no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) após decisão liminar do presidente do STF, Dias Toffoli, em julho. Na ocasião, o ministro suspendeu todos os inquéritos abertos a partir de informações compartilhadas por relatórios do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A investigação sobre o senador começou em julho do ano passado e foi baseada em um relatório que apontou movimentações financeiras atípicas de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.

Na reclamação feita ao STF, no dia 3 de setembro, a defesa de Flávio reclama da tramitação de um habeas corpus do caso na 3ª Câmara Criminal do TJ-RJ. A defesa pediu a suspensão dos procedimentos em função da decisão do ministro Toffoli, mas o desembargador Antônio Amado disse que a decisão do ministro não se aplica à tramitação do habeas corpus. Wassef pede ao STF que suspenda todos os atos do caso até o julgamento do mérito sobre a ação que discute o compartilhamento de dados do Coaf com o Ministério Público (MP).

Entenda o caso

Relatório do Coaf apontou movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão de Fabrício Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O MP apura se havia a prática de “rachadinha” no gabinete de Flávio.

Em julho, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão de todos os processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização prévia do Poder Judiciário, como o Coaf. A decisão foi dada em resposta a um pedido de Flávio Bolsonaro.

Em janeiro deste ano, Flávio havia questionado no STF a competência do MP para investigá-lo, uma vez que ele era senador recém-eleito e diplomado. O pedido foi negado pelo ministro Marco Aurélio Mello.

Também em janeiro, o “Jornal Nacional”, da TV Globo, revelou trechos de um relatório do Coaf, com apontamentos sobre movimentações suspeitas em conta bancária de Flávio Bolsonaro. Conforme o relatório, 48 depósitos em espécie foram feitos na conta entre junho e julho de 2017, somando R$ 96 mil. Os depósitos se concentraram num terminal de autoatendimento da Assembleia Legislativa do Rio. Em um dos dias analisados, por exemplo, foram feitos dez depósitos de R$ 2 mil cada num intervalo de cinco minutos.

Em entrevista à TV Record, o senador disse que o dinheiro é proveniente da venda de um apartamento na Zona Sul do Rio . Ele afirmou que recebeu parte do pagamento da venda do imóvel em dinheiro e que fez os depósitos fracionados, que somam R$ 96 mil, no caixa eletrônico da Alerj por ser o local onde ele trabalhava. Segundo disse na entrevista, R$ 2 mil é o limite aceito no caixa eletrônico.

De OGLOBO