Bradesco reduz revisão do PIB de 2020 para abaixo de 2%

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Foto: Marcos Corrêa | PR

O Bradesco cortou a projeção de crescimento da economia brasileira em 2020 para 1,90% ao ano, ante os 2,20% previstos anteriormente, reflexo principalmente da piora no cenário global com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Neste ano, a projeção foi mantida em 0,80%, abaixo do desempenho dos últimos dois anos, quando a economia cresceu 1,1% ao ano.

No consenso do mercado, medido semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central, a economia brasileira vai crescer 0,87% neste ano e 2,10% em 2020.

Apesar da revisão de cenário para baixo, Fernando Honorato, economista-chefe do banco, afirma que agora o ambiente permite surpresas positivas.

“Está chegando em um ponto que podemos começar a nos surpreender para cima”, afirma Honorato ao citar a retomada das negociações para uma trégua na disputa comercial.

“Os dois países estão esticando a corda, mas não querem chegar a um ponto de não retorno”, acrescenta o economista sobre o risco de danos para a economista dos países.

A revisão do PIB brasileiro para o próximo ano está ligada à uma desaceleração da economia global, cortada de 3,2% a 2,8%.

O crescimento doméstico precisará vir do setor privado e os investimentos poderiam ser em infraestrutura, onde não há ociosidade, segundo Honorato.

Ainda assim, o risco de o setor privado não entrar ainda não existe.

“Acho que o global é hoje disparado o maior risco. No doméstico, tem risco associado à mudança de modelo [com redução dos gastos do governo] e talvez o setor privado não entre. Mas se não tiver respondendo, o juro pode cair ainda mais”, acrescenta o economista.

O Bradesco revisou ainda a previsão de que a taxa Selic caia para até 4,75%, ante a previsão anterior de 5%.

O Bradesco elevou a previsão de câmbio ao final deste ano para R$ 4, ante os R$ 3,80. Para ele, a queda de juros levou o câmbio a uma valorização.

Para ele, o câmbio tem três fatores: os juros, a solvência (capacidade do governo pagar dívidas) e o crescimento econômico. “Como o Brasil não cresce, não atrai investimento”, afirma Honorato.

TETO DE GASTOS

Para o economista-chefe do Bradesco, o teto para os gastos do governo ainda não deve ser derrubado, como chegou a ser discutido ao longo da semana.

“Conceitualmente, uma vez que o país tiver com consolidação fiscal bem avançada, não é um grande problema. Quando olha as boas práticas do FMI, pode retirar investimento público de regra fiscal. Dito isso, sendo bem específico, o momento não é apropriado para qualquer revisão de teto de gastos”, afirmou Honorato.

Segundo ele, o importante é que se continue a agenda de reformas, como a administrativa antes de revisar o teto.

“O teto cumpre papel de forçar discussão [das reformas]”, diz.

Para ele, a agenda de reformas é correta e está avançando. “É angustiante ver a agenda positiva não produzir crescimento”, complementa.

Da FSP