Confira a razão de Bolsonaro ser tão “valente”

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Foto: Alan Santos

Em uma conversa reservada de aproximadamente 15 minutos ontem à noite com Jair Bolsonaro , durante coquetel oferecido em Nova York a líderes estrangeiros, Donald Trump elogiou o discurso do presidente brasileiro e manifestou o desejo de um acordo comercial com o Brasil, segundo relatos de um assessor presidencial que teve acesso ao encontro.

Um das primeiras atitudes de Trump foi dizer que ele havia ficado em má situação por discursar imediatamente após Bolsonaro na tribuna das Nações Unidas.

“Se eu tivesse ouvido seu o discurso antes, teria pedido um novo aos meus assessores, melhor e mais firme”, comentou o americano, sempre de acordo com a versão dos auxiliares brasileiros, que classificaram o elogio como exageradamente gentil, mas ilustrativo da sintonia entre os dois presidentes.

Os governos do Brasil e Estados Unidos começaram a planejar uma rápida visita de Trump a Brasília ainda neste ano. O Departamento de Estado queria que ele aproveitasse a passagem pela América do Sul, durante a cúpula da Apec que ocorre em Santiago nos dias 16 e 17 de novembro.

O maior problema é que, na mesma semana, haverá também uma cúpula dos Brics em Brasília. Além do encontro do bloco, organizam-se visitas de caráter bilateral do chinês Xi Jinping e do indiano Narendra Modi. São líderes importantes, com agenda robusta, que demandam estrutura e organização prévia. Por tudo isso, é mais provável que a visita de Trump não aconteça em novembro.

No coquetel de ontem à noite, conforme os relatos, Trump disse que está interessado em um acordo comercial “com o Brasil”. O fato de ele ter usado o Brasil, e não o Mercosul, em sua menção, foi entendido como um sinal por assessores no Palácio do Planalto. Para eles, é bastante óbvio que Trump não tem conhecimento sobre a regra do Mercosul que obriga seus quatro sócios a negociar acordos de livre comércio conjuntamente. Mas acredita-se que, se ele fala dessa forma, é porque seu estafe (este sim sabedor da regra) informa ao chefe da Casa Branca que se trata de um acordo com o Brasil e não com o Mercosul.

Se não for um tratado de livre comércio, o governo brasileiro gostaria de lidar com a abertura dos mercados de carne bovina, carne de porco, etanol e açúcar, além de tratar da uniformização de práticas regulatórias e de normas para proteção de investimentos.

A abrangência de uma possível negociação ainda está pendente, no entanto, das eleições presidenciais na Argentina. Se houver uma volta do kirchnerismo ao poder e viés protecionista do sócio no Mercosul, o governo cogita seriamente uma repactuação do bloco para permitir, por exemplo, uma redução unilateral da tarifas de importação hoje praticadas no Brasil.

De O Globo