Olavistas passam a apoiar anistia a Maduro

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Foto: Federico Parra – 28.jul.2019/AFP

Os dois núcleos do governo brasileiro com maior influência sobre o presidente Jair Bolsonaro concordam sobre a necessidade de oferecer anistia a Nicolás Maduro para encerrar a crise na Venezuela.

A oferta de um perdão à cúpula do governo venezuelano em troca da convocação de eleições gerais e libertação dos presos políticos já era defendida pela ala militar e, recentemente, passou a contar com a simpatia de integrantes do setor olavista.

O comando militar, considerado mais pragmático, sinalizava desde maio o apoio a uma anistia como única saída possível para o impasse no país sul-americano em crise.

Inicialmente resistente a um eventual acordo, o grupo olavista, formado por integrantes do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores, agora considera a alternativa necessária.

Na prática, o perdão significaria que os líderes do regime não seriam presos nem processados por ações cometidas durante o período no poder.

A proposta dos militares vai além: eles defendem a participação de “parceiros ideológicos” da Venezuela nas tratativas. Em conversa recente com diplomatas americanos, relatada à Folha, uma autoridade brasileira ressaltou que é necessário dar uma saída política a Maduro e que uma negociação teria mais êxito caso Cuba, parceiro comercial e político do regime bolivariano, estivesse envolvida.

Segundo o núcleo militar, o chavista dificilmente aceitaria um acordo de anistia tendo os Estados Unidos como principais interlocutores.

No último fim de semana, o vice-presidente Hamilton Mourão disse à Folha que a concessão de uma anistia é uma possibilidade e concordou que a negociação poderia passar por Cuba, possível refúgio de Maduro caso ele aceitasse renunciar.

“É uma das hipóteses aventadas. Tem de haver uma saída para o Maduro e para o pessoal dele”, disse.

Chamado de “pacote de demissão”, o perdão se estenderia a Diosdado Cabello, número dois do regime chavista, Vladimir Padrino, ministro da Defesa, e Tarek William Saab, chefe do Ministério Público venezuelano.

Atualmente, todos são alvos de sanções de Estados Unidos, Canadá, União Europeia e outros, além de terem seus bens bloqueados e estarem proibidos de entrar na Colômbia.

Da FSP