Sem agenda relevante, Bolsonaro vai comer pizza em NY

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Foto: Allan Santos | PR
Na véspera de seu discurso na abertura dos debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro ficou por duas horas com destino desconhecido em Nova York. Apesar da expectativa de um jantar privado com o presidente americano Donald Trump, Bolsonaro, que ainda se alimenta de uma dieta pastosa após a cirurgia realizada há 15 dias,  teria ido a uma pizzaria italiana acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e parte da comitiva.

O ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e a indígena  Ysani Kalapalo, moradora do Xingu, que foi integrada à comitiva presidencial, acompanharam o casal. A presença de Ysani na viagem causou o protesto de caciques de 14 comunidades.

Por volta das 20h, horário local, Bolsonaro saiu de surpresa do hotel. Com um colar de índio e terno preto, ele passou em silêncio pelo lobby com um braço apoiado nos ombros de Ysani. Ao voltar ao hotel, por volta das 22h, Bolsonaro também se manteve em silêncio e não respondeu se havia se encontrado com Trump. Ele apenas acenou para brasileiros que estavam no bar do hotel e subiu para o  quarto. Mais tarde, a assessoria afirmou que ele estava em uma pizzaria com Michelle e parte da comitiva.

A primeira-dama saiu antes do presidente, por volta das 18h, para participar de um encontro com cônjuges de chefes de Estado.  Ela também não voltou ao hotel junto com o marido e parou em uma farmácia onde comprou chocolate.

À tarde,  o presidente americano teve pelo menos duas reuniões bilaterais no mesmo hotel em que Bolsonaro está hospedado em Manhattan. Apesar de estarem ao mesmo tempo e no mesmo lugar, o encontro não ocorreu.

Sem ser visto pela imprensa no hotel, Trump se reuniu com líderes do Egito e da Coreia do Sul.  O mandatário americano deixou o local cerca de duas horas após a chegada de Bolsonaro. De acordo com assessores do governo brasileiro, havia uma possibilidade de jantar entre os dois, mas não se confirmou .

Auxiliares de Bolsonaro afirmam que a possibilidade de uma conversa com Trump se mantém nesta terça-feira, mas ainda não está confirmada. Após se submeter à uma cirurgia para retirada de uma hérnia, Bolsonaro teve a agenda em Nova York encurtada por recomendações médicas.

Ao todo, sete reuniões bilaterais foram canceladas, incluindo com Trump. Segundo um assessor, Bolsonaro queria evitar passar a imagem que estava desprestigiando algum chefe de Estado. Entretanto, a possibilidade de uma conversa com o americano passou a ser discutido sob o pretexto de que se está no país dele.

O discurso de Bolsonaro na ONU está previsto por volta das 9h desta terça na sede da ONU. Em seguida, ele deve acompanhar o pronunciamento de Trump. À tarde, ele tem um encontro com ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani.

A fala do presidente brasileiro é cercada de expectativa. Criticado pela política ambiental, Bolsonaro tem prometido fazer um discurso em defesa da soberania e mostrando “a realidade” sobre a Amazônia.

Mantido sob sigilo, o texto teve a participação dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e  Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além do assessor especial Filipe Martins e do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que aguarda a indicação para ocupar o cargo de embaixador nos Estados Unidos.