Bivar tenta reduzir força de bolsonaristas no PSL

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Dida Sampaio/Estadão

O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), marcou uma convenção nacional extraordinária do partido para o dia 18 com o objetivo de reduzir a força de bolsonaristas na legenda. O encontro vai referendar uma mudança no estatuto da sigla que reduz a influência de deputados e senadores no diretório nacional – grupo responsável por eleger o presidente da sigla.

O atual mandato de Bivar à frente do PSL vai até o dia 29 de novembro. Ele está no cargo há 25 anos, desde a fundação do partido. Segundo parlamentares, a mudança no estatuto foi um dos principais motivos da crise entre o dirigente e Bolsonaro.

A convenção extraordinária foi marcada na terça-feira passada, mesmo dia em que Bolsonaro disse a um apoiador para “esquecer o PSL”. No encontro, o partido vai confirmar o aumento no número de integrantes do diretório nacional com poder de voto – passará de 101 para 153.

Pela regra anterior, mais da metade desses cargos (56 dos 101) estava destinada aos deputados e senadores eleitos. Agora, a proporção deve passar a ser de pouco mais de um terço (56 de 153). Todos os novos dirigentes são ligados a diretórios controlados por Bivar e aliados.

A mudança foi aprovada em janeiro, antes de a maioria dos atuais parlamentares assumirem seus mandatos e, portanto, quando ainda não tinham poder de voto. “Nós já estávamos eleitos. O Bivar deveria ter nos consultado em janeiro”, afirmou o deputado Filipe Barros (PSL-PR), da ala bolsonarista da bancada.

A influência de Bolsonaro no PSL se dá principalmente por meio de deputados. Há cerca de um mês, um grupo de parlamentares liderado por Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP) chegaram a articular a criação de um novo estatuto que abriria caminho para retirar Bivar da presidência da sigla. A movimentação foi descoberta pelo dirigente, que agiu para impedir a mudança. Ao marcar o encontro do dia 18, o presidente da legenda pretende, assim, garantir que continuará a ter maioria no diretório nacional.

“É um movimento político que fortalece Bivar”, afirmou o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), que transita entre os grupos divergentes no partido.

Em reunião com deputados e advogados, na quarta-feira, Bolsonaro afirmou que não quer ser dono do PSL. “Não podemos estar dentro de um partido que, de repente, resolve apresentar um estatuto novo, sem consultar os seus deputados”, afirmou o presidente, a portas fechadas, de acordo com relatos de participantes da reunião.

Oficialmente, dirigentes do PSL afirmam que a convenção é pró-forma e servirá apenas para colocar em práticas as regras aprovadas em janeiro e homologadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em setembro.

Estadão