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Dividida, oposição não consegue ocupar vácuo bolsonarista

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Após conseguirem, juntos, quase 50 milhões de votos no primeiro turno da eleição presidencial, há um ano, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) enfrentam contestação dentro e fora de suas legendas e patinam na busca pelo protagonismo na oposição a Jair Bolsonaro. Em manifestações recentes, Haddad e Ciro têm feito referência a rusgas da eleição de 2018 e evitam uma aproximação, abrindo margem para outros nomes pleitearem a liderança de uma frente de partidos contra Bolsonaro.

Ambos também tiveram prestígio abalado em seus partidos, mesma situação de Alckmin, que viu o grupo do governador de São Paulo, João Doria, assumir a liderança nacional tucana. Marina Silva (Rede), que amargou papel coadjuvante em 2018 após um terceiro lugar em 2014, figura em papel secundário nas articulações da oposição. Sem ter superado a cláusula de barreira, a Rede estuda uma fusão com o PV.

No PDT, embora participe de conversas preliminares com uma frente ampla de siglas, a direção partidária já trata Ciro como pré-candidato para 2022. O eixo programático de Ciro foi desafiado recentemente na legenda com o voto favorável de oito deputados à reforma da Previdência. No Senado, a pedetista Katia Abreu (GO), vice de Ciro em 2018, também votou a favor da proposta.

Pauta “Lula livre”

Haddad, por sua vez, viu a articulação de sua candidatura à presidência do PT esbarrar no apreço do ex-presidente Lula por Gleisi Hoffmann, favorita à recondução no comando do partido em novembro. O ex-prefeito de São Paulo segue cotado para ser o nome do PT em 2022, mas rivaliza com as aspirações presidenciais do governador da Bahia, Rui Costa, que trocou elogios com Ciro no último mês. Em entrevista à BBC Brasil, Ciro classificou como “grande fraude” a candidatura de Haddad em 2018, costurada por Lula. No início de setembro, no lançamento de um fórum que reúne representantes de 16 partidos, Ciro discursou pedindo autocrítica da oposição sobre “erros” que levaram à vitória de Bolsonaro. Haddad, que participou das conversas para a criação do fórum, não compareceu ao evento alegando compromissos pessoais.

— A defesa da democracia pode unir muitos partidos, mas quando a gente entra na pauta do “Lula livre” as coisas começam a se desarrumar — afirmou um interlocutor da cúpula do PT.

Embora a direção petista considere “ingenuidade” pensar numa chapa de oposição sem o PT, membros do partido admitem a possibilidade de abrir a cabeça da chapa para um nome com trânsito em diferentes siglas.

A falta de um presidenciável com protagonismo definido na oposição contrasta com o cenário pós-eleitoral de 2014, quando o candidato derrotado do PSDB Aécio Neves (MG) canalizou um discurso de enfrentamento contra a presidente Dilma Rousseff até o impeachment, em 2016.

De OGLOBO