David Diaz Arcos/Bloomberg

Governo equatoriano ameniza vitória indígena

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Equador anunciou um acordo para acabar com sua pior crise em décadas e agora enfrenta a missão de reparar os danos após 12 dias de fúria em Quito contra medidas de austeridade: prejuízo milionários, sete mortos e centenas de feridos e detidos.

A capital do país foi cenário de protestos violentos, que devem acabar após o anúncio de um compromisso no domingo à noite entre o governo do presidente Lenín Moreno e o movimento indígena, que liderou as manifestações. A negociação entre as partes contou com a mediação da ONU e da Igreja Católica.

A situação gerada pelo protesto radical indígena gerou uma “fratura que será muito difícil de recuperar”, afirmou à AFP Pablo Romero, especialista na questão indigenista da Universidade Salesiana.

Ele também apontou que a crise alimentou o racismo em um país onde os indígenas representam 25% dos 17,3 milhões de habitantes.

O Executivo aceitou o pedido da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) para desmobilizar milhares de seus integrantes que viajaram à capital do país: revogar o decreto presidencial 883 que eliminou os subsídios aos combustíveis, medida adotada em um acordo com o FMI.

A medida, com a qual o Estado pretendia economizar 1,3 bilhão de dólares por ano, provocou em 3 de outubro um aumento de até 123% nos preços do diesel e da gasolina, em um país que enfrenta sérios problemas financeiros.

O presidente escreveu no Twitter: “O governo substituirá o decreto 883 por um novo que contenha mecanismos para concentrar os recursos nos que mais precisam”.

“Parabenizo o povo equatoriano porque alcançou uma vitória histórica contra o FMI, ao revogar o Decreto 883”, disse no Twitter o presidente venezuelano Nicolás Maduro, acusado por Moreno para comandar um plano de desestabilização com seu antecessor socialista Rafael Correa .

Esse suposto plano de conspiração também afeta pessoas ligadas a Correa uma vez que a prefeito da província de Pichincha (capital Quito), Paola Pabón, foi presa nesta segunda-feira.

As autoridades também invadiram a casa do ex-deputado Virgilio Hernández e da vice Gabriela Rivadeneira se refugiou no sábado na embaixada mexicana em Quito.

Após o acordo, Moreno disse no Twitter: “A paz foi reconquistada e o golpe e a impunidade correistas detidos!”

Os indígenas, que participaram nas derrubadas de três presidentes entre 1997 e 2005, conquistaram uma vitória “simbólica” após as manifestações da semana passada, afirma Romero.

Inicialmente as manifestações foram lideradas por estudantes e trabalhadores, o que levou Moreno a decretar estado de exceção no dia em que os aumentos entraram em vigor.

Ao mesmo tempo, Romero considera que todos sofreram derrotas.

“O governo porque foi possível observar todas as suas fragilidades; a Conaie pela divisão em sua cúpula; e o país por tudo o que significou o protesto, em particular em Quito”.

De EXAME