Para Bolsonaro, investigação do laranjal é um exagero

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Foto: Marcos Correa/PR/Xinhua

No último domingo (6), a Folha mostrou que um depoimento e uma planilha obtidos pela Polícia Federal sugerem que recursos do esquema foram desviados para abastecer, por meio de caixa dois, a campanha presidencial de Bolsonaro.

No depoimento, Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar à época do hoje ministro, disse que “acha que parte dos valores depositados” foi usada para pagar material de campanha de Álvaro Antônio e de Bolsonaro.

“O delegado da Polícia Federal fez uma pergunta para o cara lá. ‘Esse recurso, que seria o caixa dois, foi usado na campanha do presidente Jair Bolsonaro?’ Ele disse: ‘Acho que sim’. Pronto, me carimbaram no processo. Isso aí é uma covardia. Quem fez esse inquérito aí agiu de má-fé. Ou devia se aprofundar. ‘Acho?’ Essa é a pergunta que se faz? O cara fala ‘acho’ e bota lá?”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou que passou parte da campanha eleitoral internado, após sofrer uma facada, e disse que não usou “um centavo do fundo partidário”. Na avaliação dele, a intenção é rotulá-lo de “corrupto” ou “dono de laranjal”.

“A intenção não é atingir o ministro Marcelo Álvaro Antônio. Não sei se é culpado ou inocente. Pelo que eu sei, até o momento, há um exagero no inquérito, pelo eu sei até o momento. Vamos aguardar o desenrolar do processo. É um exagero, mas a intenção não é o Marcelo, em primeiro lugar sou eu, Jair Bolsonaro. Querer me rotular de corrupto ou dono de laranjal”, afirmou.

Na planilha, obtida pela Polícia Federal e nomeada como “MarceloAlvaro.xlsx”, há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão “out”, o que significa, na compreensão de investigadores, pagamento “por fora”.

A Folha revelou, em fevereiro, a existência de um esquema de desvio de verbas públicas de campanha do PSL em 2018, que destinou para fins diversos recursos que, por lei, deveriam ser aplicados em candidaturas femininas do partido.

Álvaro Antônio, deputado federal mais votado em Minas Gerais, foi coordenador no estado da campanha presidencial de Bolsonaro. O ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Até o momento, o presidente tem afirmado que irá manter, pelo menos temporariamente, o ministro no cargo, mas aumentou sobre ele a pressão do núcleo moderado do Palácio do Planalto por uma demissão. A avaliação é de que a permanência dele tem causado um “desgaste desnecessário” na imagem do governo.

Caso Bolsonaro decida exonerá-lo, o nome mais cotado para o posto é o do presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Gilson Machado Neto, considerado um dos auxiliares favoritos do presidente e presença recorrente em suas lives semanais, transmitidas pelas redes sociais.

Folha